Pesquisa e Inovação

PPGEdu promove diálogo sobre internacionalização

11/12/2020

15:08

Por: Assessoria de Imprensa / Com informações de Junior Centenaro e Evandro Consaltér

Fotos: Divulgação

O Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (PPGEdu/UPF) promoveu, no dia 10 de dezembro, o Painel Experiências de internacionalização no PPGEdu: cultura, pesquisa e formação. O evento teve como painelistas os mestrandos Elia Maria Leandro Uangna e Sabino Toabana Intanquê, ambos naturais de Guiné-Bissau, e os doutorandos Francisco Xavier Pedro, de Angola, e Regiano Bregalda, que realizou doutorado sanduíche na França. O Painel, mediado pelos professores do Programa, Dr. Altair Fávero e Dr. Telmo Marcon, foi realizado pelo Google Meet e contou com a participação de mais de 50 pessoas, entre discentes e docentes do Programa.

Na abertura dos trabalhos, o coordenador do PPGEdu, professor Altair, destacou a importância dos processos de internacionalização para a qualificação do Programa, que em mais de 20 de história tem registrado boas experiências a partir de convênios com outros países, tanto de acolhida de mestrandos e doutorandos como de ida ao exterior para experiências sanduíche.  

Conversas, relatos e trocas de experiências

Francisco Pedro, natural de Angola, ingressou no curso de Doutorado em Educação no processo seletivo de 2020. Em sua fala destacou que vive uma experiência muito significativa junto aos professores e colegas e sente-se acolhido e desafiado a estreitar os laços com o Brasil. Além disso, fez menção a palavra Ondjango, na língua e cultura Umbundu do sul de Angola, uma palavra composta por aglutinação: ondjo (casa) + ohango (conversa), ou seja, casa de conversa. 

Aproveitou a oportunidade para trocar experiências e fazer relatos. “Era uma casa circular, com alguns pilares laterais feitos de troncos de árvores, sem parede e o teto era coberto de capim, ficava sempre no centro da aldeia. No centro do Ondjango estava uma fogueira. As noitinhas todos nós nos sentávamos de forma circular, em fraternal comunhão e aí ouvíamos: estórias, contos, fábulas, adivinhas, debates, julgamentos, deliberações e tudo isto tinha quatro objetivos: aprender a aprender; aprender a ensinar; ensinar a aprender; ensinar a ensinar”, contou Francisco, explicando que a convivência, as aulas, os grupos de pesquisa e atividades do PPGEdu são um verdadeiro Ondjango, um espaço de experiências educativas e humanas de valorização do sujeito e da coletividade. 

O segundo painelista foi Regiano Bregalda, natural de Santa Catarina. Em sua participação falou sobre a experiência de doutorado sanduíche realizada em Paris (França) entre 2019 e 2020, com bolsa do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes. Regiano possui uma trajetória acadêmica bastante relacionada com a UPF, visto que cursou graduação em Filosofia, mestrado e, atualmente, o doutorado em Educação. 

Em sua fala descreveu os desafios inerentes ao processo de preparação para o doutorado sanduíche, que exigem do pesquisador, entre outros aspectos, um bom projeto de pesquisa, proficiência em uma ou mais línguas estrangeiras, questões burocráticas e legais e, principalmente, o aceite de um orientador no país de destino.

Em Paris, ele participou de aulas e cursos na École des hautes études em sciences sociales (EHESS), além de acessar o Fonds Ricoeur, uma instituição que reúne todas as obras do filósofo Paul Ricouer, bem como de autores que trabalham com o pensamento deste pensador. Ali se encontram, segundo Regiano, documentos e materiais inéditos do pensamento Ricouriano, que ainda não foram digitalizados e publicados.

Ao final de sua exposição, destacou que a experiência no exterior lhe possibilitou avançar significativamente na pesquisa sobre narrativa e formação humana, desafiou-se a compreender e conviver com outros modos de ser e viver e reconheceu o enriquecimento intelectual gerado por estar num grande centro de pesquisa com pessoas de todos os continentes.

O terceiro relato foi de Elia Uangna, natural de Guiné-Bissau, e que, atualmente, reside no Brasil por ocasião de seus estudos de graduação e também de mestrado em educação. De acordo com Elia, Guiné-Bissau é um país com grande multiplicidade de grupos étnicos, o que lhe possibilitou, desde a infância viver a experiência de interação intercultural. 

Em 2014 veio ao Brasil para estudar na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira (Unilab), localizada no estado do Ceará. Nessa instituição cursou licenciatura em Pedagogia e bacharelado em Humanidades. Elia ingressou no mestrado em Educação da UPF no processo seletivo realizado no primeiro semestre de 2020 e sua pesquisa está ligada à linha de políticas educacionais. Ela destacou que optou pelo PPGEdu em razão da qualidade do programa, que atualmente está avaliado com conceito 5 junto a Capes, mas, também, por ter se sentido acolhida, pois participava de grupos pesquisa e atividades antes do processo seletivo.

O percurso realizado por Sabino Intanquê, quarto painelista, tem diversas semelhanças com o realizado por Elia. Também natural de Guiné-Bissau, veio ao Brasil para estudar na Unilab o bacharelado em Humanidades e a licenciatura em Sociologia. Segundo ele, ao chegar ao Brasil, tudo mudou em sua vida, pontuando que, o ingresso no mestrado em Educação da UPF talvez esse seja, até o momento, o maior desafio de sua trajetória formativa. Durante o debate, reiterou várias vezes que gosta de viver no Brasil e que algum dia espera retornar a seu país de origem para compartilhar as experiências e o conhecimentos gerados por esse processo de integração entre países que falam a língua portuguesa. 

Após os relatos das experiências de intercâmbio, Fávero passou a coordenação dos trabalhos para professor Telmo, iniciando a mediação de perguntas para os estudantes que relataram suas experiências. 

De acordo com ele, ao longo das intervenções, foi destacado o problema do produtivismo acadêmico vigente no atual formato da pós-graduação no Brasil, bem como a importância das trocas culturais entre os alunos. “Embora prejudicados pelo isolamento social em virtude da pandemia da Covid-19, mesmo que com aulas à distância, foi possível conhecer peculiaridades culturais, políticas e educacionais que os colegas de outros países compartilharam ao longo das aulas. Nas manifestações individuais, o reconhecimento pela importância desses espaços de compartilhamento de experiências significativas como essas de intercâmbio e os cumprimentos aos painelistas pelas ricas e belas exposições”, pontuou Marcon.

Conforme os professores, a internacionalização faz parte do plano de ações e metas do PPGEdu. Tanto Altair, quanto Telmo, frisam que, atualmente, o Programa mantém convênios com dezenas de instituições de ensino superior da América Latina, Europa e África. Buscando dar visibilidade as ações, todos os anos o PPGEdu promove encontros para que os doutorandos na modalidade sanduíche possam relatar suas experiências formativas aos colegas. A última edição foi realizada em novembro de 2019, integrando a programação da III Mostra de Pesquisa em Educação (Meduc). 

Diálogos discentes

Após a conclusão dos relatos de experiências de intercâmbio, foi realizado o V Diálogos Discentes, espaço em que os mestrandos e doutorandos do PPGEdu dialogam sobre as disciplinas, atividades e apontam os desafios e as potencialidades com o objetivo de qualificar o programa. As representantes discentes, Alana Porto e Caroline Ghiggi, conduziram os trabalhos.  

Os alunos relataram os desafios impostos pela necessidade de realizar as aulas e demais atividades de modo remoto, em virtude da pandemia. Destacaram o empenho dos professores e de toda a equipe técnica em proporcionar as condições adequadas para o desenvolvimento das atividades. 

Além de abordar assuntos relacionados ao Programa, o Diálogos Discentes também é um espaço de encontro, de troca de ideias e oportunidade dos colegas de diferentes turmas interagirem, se conhecerem e falarem sobre suas pesquisas. A atividade é realizada duas vezes por semestre, no início e no final de cada período.