Pesquisa e Inovação

PPGEdu promove debate sobre a “pedagogia do afeto” na formação de professores

02/10/2019

11:29

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Uma parceria do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação Superior (Gepes), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (PPGEdu/UPF) e ao Projeto Associação de Psicanálise, possibilitou, nos dias 23 e 30 de setembro, um debate sobre a perpetração da literatura de autoajuda para professores nos processos de formação continuada realizados nas escolas, materializada a partir dos pressupostos da “pedagogia do afeto”. O diálogo envolvendo educação e psicanálise foi realizado na sede do Projeto e contou com a participação de psicanalistas, psicólogos, professores e gestores educacionais.

Abordaram o assunto o coordenador do Gepes/UPF e do PPGEdu, professor Dr. Altair Alberto Fávero, e o vice-coordenador do Gepes/UPF, professor Me. Evandro Consaltér. A mediação foi conduzida pelo professor da UPF, Dr. Francisco dos Santos Filho. Na oportunidade, os debatedores chamaram de “pedagogia do afeto” os processos formativos com apelo mercadológico que apontam o amor e o afeto como elementos autossuficientes para dar conta de resolver todos os problemas educacionais e fazer com que o professor encontre a plenitude necessária para o íntegro exercício de sua profissão. Esse tipo de pedagogia geralmente é propagado pela literatura de autoajuda para professores. Através da mediação do professor Francisco e com intervenções dos demais membros do Projeto, a discussão adentrou ao universo da psicanálise, abordando o seu impacto na formação dos sujeitos e na própria concepção de escola e de sociedade.

O debate foi sustentado a partir do texto de Fávero e Consaltér, intitulado “Pedagogia do afeto e a banalização da formação continuada de professores: uma análise da literatura de autoajuda nos processos formativos”. O material está publicado na revista “Atos de Pesquisa em Educação” e analisa a banalização dos processos de formação continuada de professores a partir da pedagogia do afeto. Os autores entendem que essa perspectiva de formação pedagógica materializa-se, sobretudo, a partir do consumo da literatura de autoajuda para professores. Para dar conta do objetivo proposto, eles realizam um estudo bibliográfico de ordem analítica, ancorado em obras de três autores campeões de vendas desse tipo de literatura.  No decorrer do ensaio, amparados no referencial teórico, indicam as razões pelas quais a pedagogia do afeto mostra-se insuficiente para dar conta dos problemas educacionais, sobretudo dos que tangenciam sobre a prática pedagógica do professor. Na maioria das vezes, essa pedagogia apenas vende ilusões e cumpre a função anestésica de inebriar os indivíduos, tirando-lhes a capacidade crítica. 

Ainda, Fávero e Consaltér consideraram que o professor, diante dessa literatura, não é visto como um sujeito autônomo e reflexivo. É entendido como um consumidor, alguém que recebe um receituário cujas prescrições estabelecem modos de comportamento e de ação. A partir dessa percepção, defendem que uma análise cuidadosa dos pressupostos dessa pedagogia ajudaria a ver as razões pelas quais ela tem tanta penetração junto aos professores. A partir disso, os autores propõem que ela deve ser acompanhada de um trato acadêmico alicerçado em um potente referencial, que extrapola uma análise superficial, para só assim poder representar algum material com potencial para ser colocado como um ponto de partida e não como única referência para a formação continuada, constituindo-se, assim, justamente como um elemento motivador para a busca de uma pedagogia que seja esclarecedora, consistente e cientificamente fundamentada. 

O texto completo pode ser acessado aqui.