Pesquisa e Inovação

Pesquisa investiga microbioma presente em queijos clandestinos

02/08/2019

16:48

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Estudo desenvolvido pelo pós-graduando em Bioexperimentação da UPF Ezequiel Davi dos Santos identificou, por meio de técnicas modernas de análise, microrganismos presentes em produtos comercializados na região

É grande o consumo de produtos lácteos informais entre os brasileiros, no entanto, esse consumo pode trazer sérios prejuízos à saúde pública, principalmente porque a produção clandestina não tem compromisso com a coleta e o uso de matéria-prima de qualidade higiênico-sanitária. Em razão do alto consumo de produtos informais e preocupado com a saúde pública, Ezequiel Davi dos Santos, médico-veterinário egresso da UPF e aluno do Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação da Instituição, buscou identificar, por meio de técnicas modernas de análise, quais microrganismos estão presentes em queijos clandestinos.

O estudo revelou, dentre os produtos analisados, 191 espécies diferentes de bactérias, distribuídas em 51 gêneros. Conforme o pesquisador, na produção informal, é comum a falta de boas práticas de fabricação no processo de confecção dos queijos, o que, segundo ele, só aumenta a carga microbiana. “É grande a chance de esse tipo de alimento apresentar agentes microbianos capazes de causar doenças transmitidas por alimentos (as DTAs)”, informa. Para a pesquisa, foram coletados queijos clandestinos em nove municípios da região e os produtos foram analisados pelas técnicas de sequenciamento gênico e metagenômica. 

Microbioma do leite e potencial patogênico
No estudo, as bactérias foram divididas em três grupos de interesse, o das bactérias benéficas à tecnologia de produção de queijos e que fazem parte do microbioma do leite; o das bactérias contaminantes que prejudicam sabor, textura, aroma e cor dos queijos; e o grupo das bactérias com potencial patogênico para a saúde humana e animal. A pesquisa foi realizada sob orientação do professor Dr. Elci Lotar Dickel e buscou contribuir com a ciência e, ao mesmo tempo, apresentar à sociedade a diversidade de microrganismos que podem estar presentes em queijos clandestinos comercializados em municípios do Norte do Rio Grande do Sul.

A apresentação do estudo foi requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Bioexperimentação. Os resultados foram apresentados na terça-feira, dia 30 de julho, e contou com a presença de professores, acadêmicos dos cursos de Medicina Veterinária e Ciências Biológicas, alunos do PPGBioexp e também representantes do poder público municipal. Para Santos, pesquisas como essa são importantes porque permitem conhecer e compreender a diversidade de microrganismos que podem estar presentes nos alimentos, sobretudo quando se trata de produtos clandestinos. Além de concluir o mestrado, o aluno também foi recentemente aprovado para o doutorado em Bioexperimentação.

Subsídio científico para ações de fiscalização
Conforme o professor Dr. Elci Dickel, dentre as principais doenças que podem ser disseminadas pelo leite e/ou queijos clandestinos, estão tuberculose, brucelose, listeriose, salmonelose, yersiniose, campilobacteriose, entre outras. O professor ressalta que os resultados do estudo serão enviados para publicação em um periódico internacional. “Além da importância do uso de modernas técnicas de análise, os resultados também nortearão a ação dos órgãos públicos de fiscalização. Isso porque agora eles terão subsídios científicos sobre os queijos clandestinos, seja para operações de apreensão, programas de melhoramento da qualidade do leite ou para ações de conscientização da população sobre produtos informais”, assegura o docente.

Doutorando e orientador já fazem planos para os estudos futuros e admitem que desejam dar continuidade em pesquisas visando à saúde pública, tal como a realizada com queijos clandestinos. Para os próximos trabalhos, os pesquisadores também utilizarão o que há de mais moderno em termos de análise e, para isso, pretendem buscar parcerias públicas e privadas para fomentar e ampliar a realização de estudos sobre os riscos que o consumo de produtos clandestinos representa à saúde dos consumidores. Além da contribuição científica e social, essas pesquisas também evidenciam a importância do curso de Medicina Veterinária e o Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação da UPF.