Universidade

UPF entre as instituições que mais atuam na inclusão de professores deficientes no Brasil

12/12/2019

13:33

Por: Caroline Simor

Fotos: Natália Fávero

Dados foram divulgados pelo instituto Quero Bolsa, por intermédio do MEC e do PNS. A Universidade é a primeira no estado e a 7ª no Brasil

A inclusão social de pessoas com algum tipo de deficiência é hoje um desafio para empresas, órgãos e instituições. Estar preparada para essa realidade também é um objetivo da Universidade de Passo Fundo (UPF), que figura entre as instituições que mais atuam na inclusão de professores deficientes no Brasil. O ranking surgiu de uma pesquisa do instituto Quero Bolsa, que tomou como base o Censo da Educação Superior realizado no ano de 2018. A Universidade figura em primeiro lugar no Rio Grande do Sul e na 7ª colocação no Brasil.

Para o vice-reitor de Graduação, professor Dr. Edison Alencar Casagrande, há um esforço da Instituição que vai além do cumprimento das metas estabelecidas em lei. Segundo ele, a Universidade vem buscando qualificar-se e diversificar-se. “Nosso cuidado é para sermos um espaço em que todos consigam ser quem são. Com respeito às diferenças e às peculiaridades de cada indivíduo, seja ele acadêmico, funcionário ou professores, abrimos portas e espaços para que todos possam ter uma vivência na comunidade acadêmica”, ressaltou.

Inclusão que vai além da sala de aula
São vários os exemplos de docentes contratados como pessoas com deficiências (PcD) e diversas histórias que contam como foi o processo de adaptação, aceitação e inserção em uma realidade diferente.

Docente da UPF há quase 25 anos, a professora Dra. Anelise Mozzato necessitou adaptar-se com o tempo. Incluída em função de um problema auditivo genético, que provoca uma perda moderada da audição, ela destaca que buscou conhecimentos, métodos e hoje realiza pesquisas que trabalham a questão da inclusão não apenas para deficientes, mas para todos aqueles que são considerados diferentes.

Para ela, a inclusão de professores PcD no Brasil é muito pequena e os números estão concentrados nas universidades federais. Vivenciando uma realidade diferente na UPF, ela relata que, desde que foi incluída, atua com sinceridade com os estudantes, permitindo uma troca entre todos e o aprendizado com o diverso. “Quando uma pessoa perde algum sentido, ela amplia outros. Há um esforço bastante grande em sala de aula, justamente para que a aula transcorra com tranquilidade e para que o conteúdo seja repassado. A inclusão de toda e qualquer deficiência é importantíssima. As organizações deveriam abrir mais espaços e não apenas para cumprimento de cotas. Vejo que muitas empresas e organizações, como a UPF, têm conseguido cumprir essa meta. É sempre uma troca e uma experiência muito boa, que nos faz aprender. Quando vivemos com o diverso, ganhamos em todas as esferas e vemos que a UPF está preparada, oferecendo apoio e formação”, frisa a professora, que está vinculada ao quadro docente da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Feac).

Professor na UPF desde 1992, foi em 2012 que o Dr. Luiz Henrique Ferraz Pereira ingressou como PcD, em função de uma cirurgia que provocou um declínio no funcionamento das cordas vocais. Com algumas restrições, como o número de estudantes em sala de aula, o professor sentiu-se acolhido e preparado para atender às demandas. “Embora haja essa restrição, em muito me sinto em plenas condições de trabalho e sempre contei com apoio da UPF para adequar atividades frente à minha limitação da fala. Quando há essa inclusão, e nisto a Instituição é muito preocupada em dar todas as condições, o docente se sente valorizado, percebe-se como membro que pode contribuir, trabalhar e produzir sem maiores diferenciais em relação a outros docentes não inclusos”, salientou.

Para ele, a UPF foi fundamental no seu processo de recuperação e na sua compreensão pessoal de uma nova realidade. Ele lembra que houve integração e preocupação de todos os setores em deixá-lo apto a dar aulas, com conversas, sugestões de propostas de atividades, discussões com o diretor do Iceg – Unidade à qual está vinculado – e com a Reitoria, e destacou que isso ajudou a construir de forma efetiva a integração ao trabalho. “A inclusão é fundamental em qualquer espaço para dignificar pessoas e suas habilidades, mostra respeito ao humano e dá exemplo, como no caso da UPF, da percepção que todos são importantes, de diferentes maneiras e com potenciais distintos, mas importantes. Uma instituição só é grande quando percebe e mostra que a inclusão é possível, quando torna mais humanas as relações e diz que todos podemos ser úteis, apenas de diferente maneiras”, observou.
 

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