Último dia da Festa Literária da Comunicação teve a presença de booktubers e bloggers e do escritor, compositor e ativista político Tico Santa Cruz
As plataformas que potencializam a leitura e as formas de jornalismo de resistência foram o foco dos debates no segundo e último dia da Festa Literária da Comunicação (Flicom). A atividade, realizada pela Intercom em parceria com a Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo (FAC/UPF) e que integra a programação da 16ª Jornada Nacional de Literatura, aconteceu nessa quarta-feira, 4 de outubro, no auditório do Laboratório Central de Informática (LCI) da UPF.
Com o tema Booktubers, Bloggers e Plataformas Digitais: a Leitura na Rede, a primeira mesa reuniu Denise Guilherme, Vana Campos, Daisy Carias, Flávia Scherner e Doca Corbett, sob a mediação da jornalista e pesquisadora Ariele Silverio Cardoso, em uma conversa sobre diferentes plataformas usadas como forma de potencializar a leitura, especialmente a infantil.
Criadora do site A Taba, voltado à curadoria de livros infantis com foco na formação de leitores, Denise Guilherme deixou claro seu objetivo: democratizar o acesso ao conteúdo e aproximar os bons livros das crianças. Para isso, entre outros recursos, utiliza a leitura em rede. “É uma conversa entre pessoas que nunca se viram, mas que têm um livro como objeto em comum e, a partir disso, ressignificam sua experiência de leitura”, contou. De acordo com ela, é preciso conversar, ouvir e entender o caminho que o outro constrói, algo possível por meio da arte. “A gente precisa se ouvir, conversar, e a literatura é muito importante porque ela possibilita que a gente converse não só com nossos amigos, colegas, mas com nós mesmos e com o mundo. É a diversidade que garante a arte, a capacidade de fruição, a criatividade, as crianças precisam pensar, os livros precisam deixar as pessoas incomodadas”, destacou.
Assim como Denise, os criadores do canal TV Culturando, Vana e Doca, também trabalham para divulgar o que chamam de literatura alimento. Os vídeos bem-humorados compartilhados pelo casal através do Youtube foram o caminho encontrado. “A literatura é legal porque é livre, ela liberta, não dá um caminho concreto e é isso que a gente faz nos nossos vídeos, algo livre e que inspira a criatividade. A gente tem uma esperança de transformar a ideia de leitura em uma coisa de muito prazer”, comentaram.
Atriz, Flávia Scherner encontrou na contação de histórias sua forma de estimular a leitura e a literatura infantil. No canal Fafá Conta, compartilha histórias que fazem as crianças pensarem e se tornarem pessoas melhores. O segredo para dar certo, segundo ela, é apostar no conteúdo e acima de tudo gostar do que está falando. Já a inspiração de Daisy Carias, criadora do canal A cigarra e a formiga, veio de dentro de casa. “Descobri na leitura uma superbrincadeira com os meus filhos e a partir disso resolvi compartilhar minhas experiências com as outras mães”, completou.
Interações, performances e recursos estilísticos
A segunda mesa da tarde, Interações, performances e recursos estilísticos, teve a presença de Tico Santa Cruz e Sonia Virginia Moreira. Sob mediação do jornalista, escritor e coordenador de debates nesta edição da Jornada, Felipe Pena, os dois compartilharam suas opiniões sobre o chamado jornalismo de resistência.
Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Sonia Virginia Moreira falou especialmente do rádio como resistência, da resistência do rádio e da relação entre rádio e literatura. Segundo Sônia, falar sobre rádio no Rio Grande do Sul é muito importante, já que é um meio de comunicação presente em mais de 90% das cidades do estado. Para a professora, o rádio é um meio de comunicação maravilhoso e muito poderoso, um meio de resistência. “Muito disso acontece porque ele trabalha com a imaginação e isso combina perfeitamente com literatura”, comparou.
O escritor, compositor e ativista político Tico Santa Cruz complementou a fala da professora Sonia destacando que o rádio continua sendo um meio muito forte, mas pouco utilizado pela nova geração. Sobre o tema resistência, Santa Cruz citou sua presença nas redes sociais e as inúmeras críticas que recebe diariamente. “A gente vive em uma sociedade bastante polarizada e estamos indo em direção ao caminho das trevas e o caminho das trevas é a censura do pensamento”, disse, reconhecendo que, como artista, seu papel não é de apenas entreter, mas de usar o espaço que tem para provocar discussões. “Eu não estou aqui para dar verdades absolutas. Estou aqui para colocar uma pulga atrás da orelha de vocês e espero profundamente que não estejam aqui só pessoas que concordem com a gente. Espero que tenham pessoas que discordem e se expressem porque isso é importante”, finalizou.
Sobre a Jornada
A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura são promovidas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios do Banrisul, da Corsan, da Ambev, da Companhia Zaffari & Bourbon, da Ipiranga, da Panvel, da SulGás, da Triway e da TechDEC; com o apoio cultural da BSBIOS, do Sesi e da Coleurb; patrocínio promocional da Capes, da Fapergs, da Italac e da Oniz; com a parceria cultural do Sesc; financiamento do Governo do Estado – Secretaria da Cultura – Pró-cultura RS LIC e realização do Ministério da Cultura. Confira a programação no site www.upf.br/16jornada.