Pesquisa e Inovação

Pesquisa para melhorar a vida da população

10/04/2019

14:35

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Estudos realizados no Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação buscam compreender e oferecer soluções para zoonoses que, acidentalmente, infectam o ser humano

Desde o início do mestrado, ainda em 2012, o Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação da Universidade de Passo Fundo (PPGBioexp/UPF) vem desenvolvendo diversas pesquisas voltadas para a realidade local e regional. Entre os temas mais relevantes, estão os estudos que analisam o Angiostrongylus costaricensis, uma zoonose parasitária que tem como sintoma característico dores abdominais e que, acidentalmente, infecta o homem, atingindo crianças e adultos.

Para analisar as causas e propor melhorias, professores e estudantes estão envolvidos em três frentes de pesquisa: Estudo da prevalência sorológica e molecular de hemoparasitas em animais domésticos e de produção; Estudo da angiostrongiliase abdominal em camundongos swiss e Prospecção de compostos bioativos do bioma pampa: efeito antiparasitário e toxicidade in vitro.  

Segundo a professora Dra. Maria Isabel Botelho Vieira, os estudos foram desenvolvidos parte em campo, no biotério, e em laboratório, dependendo de cada assunto. As atividades envolveram também acadêmicos da graduação.

A professora, que acompanha algumas das pesquisas, explica que o nematódeo Angiostrongylus costaricensis apresenta ampla distribuição geográfica. Por ser considerada uma zoonose parasitária, e em virtude da gravidade dos sintomas, da falta de tratamento, e por ser o Rio Grande do Sul o estado de maior prevalência da doença, tornam-se indispensáveis estudos que corroborem para elucidação da enfermidade, compreendendo-se melhor sua patologia e interação entre parasito e hospedeiro, estudados em um modelo experimental.  

Os estudos com A. costaricensis permitiram os seguintes resultados
Em recentes estudos realizados no PPGBioexp, importantes resultados foram observados, como por exemplo que diferentes doses infectantes de A. costaricensis interferem na eliminação de L1 por camundongos Swiss. Doses maiores resultam em maior eliminação de larvas, não interferindo, porém, estatisticamente, na mortalidade dos roedores. Maria Isabel observa que os aspectos histopatológicos estudados em camundongos resultam em presença abundante de ovos e larvas e infarto no fígado, assim como esplenite e trombose intestinal, reduzindo também a sobrevida desses animais. “Conseguimos avançar no estudo da interação parasita e hospedeiro, sendo possível o esclarecimento de questões hematológicas, imunológicas e patológicas do ciclo do A. costaricensis, além do perfil de cortisol dos hospedeiros infectados”, esclarece.

De acordo com ela, doenças transmitidas por vetores são reconhecidas como importantes doenças emergentes. Constituem, segundo a professora, um grave problema em saúde pública, visto que algumas delas podem afetar tanto o homem quanto os animais domésticos e selvagens. “Dentro dessa linha de pesquisa, avançamos com importantes resultados, como por exemplo a determinação do protozoário Rangelia vitalii em cães da região de Passo Fundo, bem como muitos outros parasitas que foram encontrados em cães e gatos. Também tivemos um importante trabalho com equídeos, onde determinamos a ocorrência de nove genótipos de Theileria equi em equinos desta região”, pontua.

A docente ressalta que a ocorrência de nematódeos gastrintestinais é o principal problema sanitário enfrentado pela ovinocultura no Brasil. Segundo ela, o Haemonchus contortus é o nematódeo de maior importância na criação de ovinos, tanto a nível brasileiro quanto mundial, o que justifica o desenvolvimento de um projeto de pesquisa que teve como objetivos analisar o efeito do extrato aquoso da planta Senecio brasiliensis e suas frações sobre ovos de H. contortus, avaliando a toxicidade de drogas comerciais sobre ovos e larvas de terceiro estádio de H. contortus. “Esses projetos resultaram em importantes publicações científicas em periódicos internacionais de grande repercussão. Estamos sempre pensando no futuro para dar continuidade aos nossos trabalhos. Este ano, temos seleção para o mestrado e o doutorado, o que vai fortalecer as nossas linhas de pesquisa com o Angiostrongylus costaricensis; com as doenças transmissíveis por artropodos entre outras doenças emergentes e reemergentes”, ressaltou.