Perto da comunidade e da realidade profissional

O desafio de sair da sala de aula e colocar os acadêmicos em contato com a comunidade sempre foi uma preocupação da Universidade de Passo Fundo (UPF). Por isso, dezenas de programas e projetos são desenvolvidos pelos professores e estudantes, nas mais diversas áreas, prestando serviços durante décadas e fortalecendo o contato com a comunidade. Um exemplo desse trabalho é a Clínica Extramuros, da Faculdade de Odontologia. Atuando na Escola Estadual Monteiro Lobato, no bairro Planaltina, há mais de 30 anos, o projeto já atendeu aos pais das crianças que são atendidas hoje. Um ciclo de parceria, cuidado e atenção.

Com a estrutura toda montada dentro da escola, não apenas os estudantes são atendidos, mas toda a comunidade, incluindo pessoas de fora do bairro e até mesmo de outras cidades. O serviço é prestado quatro vezes por semana: nas segundas e quartas-feiras pela manhã e nas quintas e sextas-feiras à tarde. Esse contato permanente faz com que um vínculo de cuidado e atenção seja criado, gerando frutos que vão além da saúde bucal.

Segundo o professor Dr. Eduardo Patussi, os serviços são direcionados a crianças e adolescentes, dos 5 até os 20 anos, atuando em todas as áreas, como restauração, aparelho, limpeza, canal, cirurgia, tudo feito na estrutura da Clínica na escola. “Apenas quando algum trabalho laboratorial é necessário busca-se o suporte no Campus I. Tudo é feito de forma gratuita. O trabalho é realizado pelos acadêmicos que, em dupla, atendem a mais de 50 pacientes por dia”, pontua, ressaltando que tudo é supervisionado pelos docentes da Faculdade.

Bom para a escola, para as crianças e para todos
As ações desenvolvidas vão além do efetivo cuidado ou tratamento. A cada consulta, os acadêmicos prestam orientações e procuram ensinar os jovens a cuidar da saúde bucal, focando na prevenção. Para Patussi, é perceptível uma mudança não apenas na qualidade bucal, mas também na qualidade de vida dos atendidos, uma vez que o índice de cáries e problemas dentários caiu muito nos últimos anos, o que demonstra que as ações, tanto de serviços quanto de dicas e orientações, têm surtido efeito. “É bom para a escola, para os acadêmicos e para a comunidade. Aqui, eles têm a vivência da clínica. Realizam atendimentos diários com pacientes. Hoje, a comunidade procura a equipe e busca o agendamento, visto que a relação de atenção, cuidado e profissionalismo para com os pacientes torna os laços com a comunidade ainda mais fortes”, destaca.

Esse laço é importante para o estudante, que, já no final da graduação, consegue atuar em diversas realidades. Para a acadêmica Julia Mafalda Vieira, essa preparação para atuar no mercado faz toda a diferença na formação. “No 8º semestre, temos essa oportunidade e esse é o segundo contato que temos com as crianças. É um atendimento bem diferente do que realizamos com os adultos e nos faz aprender muito. Além disso, nos permite atender pacientes todos os dias, propiciando uma realidade parecida com aquela que vamos encontrar lá fora”, frisa.

A participação dos pais nos atendimentos também é um diferencial do projeto. De perto, eles acompanham o que é feito e aprendem a fazer em casa os cuidados necessários para que não haja mais problemas decorrentes da má escovação ou de infecções bucais. 

Beatriz Dalcorso, mãe dos pequenos Gustavo e Vitória, foi atendida pela Clínica quando era estudante na Escola Monteiro Lobato. As boas lembranças da época são, hoje, compartilhadas pelos filhos, que têm uma experiência positiva quando se trata de cuidar da boca. “É muito prático para nós que trabalhamos e temos filhos. Ele foi arrancar um dentinho e riu. Isso nunca tinha acontecido. Eles distraem as crianças e elas ficam tranquilas. A nossa geração teve traumas quando criança, mas meus filhos acham divertido. Eles conversam e aprendem a se cuidar”, ressalta.
 

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