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Nômades Digitais: estilo de vida transforma qualquer lugar do mundo em escritório

15/06/2022

09:25

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Tainá Binelo e Arquivo pessoal

Gerente de programa da Amazon, a egressa da UPF, Valesca Garcez, conta que o trabalho remoto proporcionou a ela realizar o sonho de trabalhar de diversos lugares

O isolamento social imposto pela pandemia transformou as formas de trabalhar. Muita gente adotou o trabalho home office e, com isso, reuniões e contatos com colegas de trabalho, que antes eram feitos presencialmente, se tornaram videoconferências e mensagens por meio de aplicativos. Esta mudança favoreceu uma outra prática, que tem se tornado cada vez mais comum: a geração de nômades digitais. Egressa da Universidade de Passo Fundo (UPF), a Valesca Garcez, atualmente, trabalha na Amazon e afirma que o trabalho remoto proporcionou a realização do sonho de transformar qualquer lugar do mundo em escritório. 

Ao unir o trabalho, a paixão por viagens e a curiosidade em conhecer lugares e culturas diferentes, o novo estilo de vida ganhou muitos adeptos com a pandemia e já soma mais de 35 milhões de pessoas pelo mundo. Até 2035 a estimativa é de que existam cerca de 1 bilhão de nômades digitais, segundo o Relatório Global de Tendências Migratórias 2022 da Fragomen, empresa global especializada em migração. 

A experiência de morar em todos os lugares e ao mesmo tempo em nenhum, só foi possível com essa nova realidade e a Valesca afirma que tirou o máximo proveito dela.

“Já perdi a conta de quantos endereços tive desde que o home office foi adotado, mas morei temporariamente em cinco cidades diferentes. Nunca tive tanta liberdade na vida! Agora, no entanto, após dois anos, já penso em fixar residência novamente, mas o bom disso é saber que é uma opção minha e não uma obrigação”, afirma, ao destacar que prefere essa forma de trabalho. “Prefiro o trabalho virtual porque os benefícios são muitos. Claro que às vezes sinto falta do convívio no meio corporativo, mas nada que não possa ser sanado com algumas visitas à empresa ao longo do ano”, ressalta.

Interagindo com colegas do mundo todo sem sair de casa 

Hoje ela trabalha como gerente de programa da Amazon, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo e responde por um conjunto de projetos que compartilham objetivos estratégicos semelhantes. “Na prática, significa que eu faço o planejamento e o acompanhamento dos projetos, removo impedimentos que podem bloquear o trabalho dos desenvolvedores, garanto a comunicação adequada para todos os interessados nas mais diversas esferas hierárquicas, mapeio riscos, negocio prazos e por aí vai. Tudo isso sempre pensando em soluções globais, o que me leva a interagir com colegas do mundo todo e, o mais curioso, sem sair de casa, pois sou uma funcionária virtual”, pontua.

A egressa da UPF conta que durante o curso de Ciência da Computação, sempre teve certeza da escolha que havia feito. Já no mercado de trabalho, houve momentos em que ela entrou em uma certa “crise” com a profissão. “Cheguei até a pensar em mudar radicalmente, recomeçar. Porém, aprendi que em situações como essa, há sempre alternativas a serem exploradas, como por exemplo trocar de projeto, de equipe, ou mesmo de empresa. Aprendi também que quando estou cansada com algo, eu descanso, não desisto – isso serve para todas as profissões”, destaca Valesca.

Uma área promissora que dispõe de muitas oportunidades

Valesca incentiva a quem ainda está em dúvida se deve ou não entrar para essa área. “Se você tem um mínimo de aptidão para exatas, invista. Sei que nem todos entrarão na área com muita certeza, mas com o passar do tempo as dificuldades vão se dissipando e o fato de trabalhar em uma área tão aquecida traz segurança e satisfação”, observa Valesca.

Para ela, o que se vê hoje em TI não é uma onda e nem uma modinha. “Há um abismo entre a qualidade dos serviços prestados por empresas que nasceram digitais e por aquelas que ainda lutam para percorrer essa jornada. Já parou para pensar que somente profissionais de TI têm conhecimento suficiente para preencher essa lacuna? Do mesmo modo, somente profissionais de TI viabilizarão as empresas digitais que ainda vão nascer, os aplicativos que ainda serão criados, os serviços novos que virão do rastro do 5G, o metaverso inteiro que ainda tem para ser construído. Somente eles, ninguém mais”, garante.

Uma tendência que veio pra ficar

O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Dr. Ricardo de Oliveira Schmidt, afirma que muitos profissionais já adotaram essa prática há anos, entretanto, ela foi potencializada devido alguns fatores, como a facilidade de conectividade de internet em qualquer lugar, que possibilita que o trabalho seja feito de diversas cidades, hotéis, campings ou áreas rurais que tenham sinais 4G, o que fez com que o número de nômades digitais aumentasse muito nos últimos anos.

“Durante a pandemia, muitas empresas notaram que a flexibilidade não é algo necessariamente ruim. Desde que os funcionários sejam adequadamente orientados e tenham a disciplina necessária para gerir suas próprias jornadas de trabalho à distância, trabalhar de qualquer lugar e com horários flexíveis, em muitos casos, resultaram em aumento de produtividade e até mesmo redução de custos”, garante o professor, ao destacar.

“Embora algumas empresas estejam exigindo o retorno dos funcionários para os escritórios, a flexibilidade veio para ficar. Ou melhor, a flexibilidade que já existia em algumas situações, agora deverá ser mais ampla e permanente”, observa.