Pesquisa e Inovação

Egresso da UPF desenvolve pesquisas em Singapura

18/07/2019

13:36

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Formado em Odontologia, Vinicius Rosa trocou a clínica pelo ensino e pela pesquisa, e hoje atua na National University of Singapore, considerada, em 2018, a 11ª melhor universidade do mundo

Trocar a clínica para se dedicar exclusivamente à pesquisa não é uma escolha comum para profissionais da Odontologia. Mas essa foi a opção do egresso da Universidade de Passo Fundo (UPF) Vinicius Rosa. Depois de se graduar na área, em 2005, Vinicius deu continuidade aos estudos. Tornou-se professor também na UPF e, em 2012, recebeu uma proposta para se juntar à National University of Singapore (NUS), para desenvolver pesquisas em biomateriais para regeneração tecidual. Hoje, ele é professor titular na NUS, considerada, em 2018, a 11ª melhor universidade do mundo.

Dentro da NUS, o professor também atua na Faculdade de Odontologia, no Centro de Pesquisa em Grafeno e Materiais 2D Avançados e também no Departamento de Ciências de Materiais da Faculdade de Engenharia, onde é colega do Prêmio Nobel de Física de 2010, Sir Konstantin Novoselov. “Meu trabalho é gerenciar meu laboratório e coordenar a pesquisa de alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado). Meu trabalho não tem nenhum componente clínico e eu leciono aproximadamente 70 horas por ano. O restante do tempo é dedicado somente à pesquisa”, explica. Uma realidade bem particular de um lugar onde a dedicação de professor é praticamente toda voltada à geração de conhecimento. “Meu dia a dia é orientar os projetos dos alunos, escrever projetos e artigos, gerenciar as finanças do laboratório em termos de consumíveis, equipamentos e pessoal”, conta. 

Na NSU, ele desenvolve pesquisas em duas principais áreas: regeneração pulpar com uso de células tronco e desenvolvimento de filmes (um átomo apenas de espessura) para aumentar a osteointegração de implantes dentais e ortopédicos. “Os dois trabalhos mais importantes sobre polpa foram: primeiro trabalho a promover regeneração pulpar in vivo em um canal inteiro usando célula de polpa de dente de leite – trabalho que está entre os mais influentes do mundo em Medicina e Odontologia publicados em 2013 pelo Scopus. O segundo foi publicado ano passado e dá visibilidade ao fato de que fui o primeiro a desenvolver odontoblastos capazes de produzir polpa e dentina in vivo a partir de células tronco de pluripotencia induzida”, contou. Ambos trabalhos foram publicados em 2013 e em 2018 no Journal of Dental Research, que é o jornal de maior prestígio na pesquisa odontológica.

“As pessoas estão todas perto para se comunicarem e colaborarem”
Em um país culturalmente muito diferente que o Brasil, o professor garante que, no que diz respeito à atuação profissional, a principal diferença é a velocidade com que a pesquisa é desenvolvida. “Cingapura tem um doutor para cada 6 mil habitantes e os 5 milhões de pessoas moram numa ilha de 42 km. Tudo é muito perto. As pessoas estão todas perto para se comunicarem e colaborarem. Temos duas universidades entre as 15 melhores do mundo, então, o lugar borbulha pesquisa e artigos”, diz. A outra diferença é a pressão. “Há sempre uma pressão para ter dinheiro, para financiar o trabalho daqui dois ou três anos, pois, sem verba, o laboratório não anda e os alunos ficam com os trabalhos comprometidos.  Considerando o ambiente, a universidade tem 30 pesquisadores entre os mais citados do mundo, e essas pessoas são acessíveis e suportam o progresso de pesquisadores jovens. Isso ajuda a criar um clima em que todos querem ter grandes trabalhos e a certeza de que o próximo pode ser ainda melhor. Infraestrutura é, sem dúvida, importante, mas o principal é o capital intelectual que está presente aqui”, completa. 

Consolidação de uma trajetória
De acordo com Rosa, a UPF teve um papel importante nessa trajetória e ele define seus anos de formação como os melhores anos. “Estudar Odonto na UPF é uma fase muito boa da vida. Como a gente passava muito tempo na faculdade entre aulas, clínicas e trabalhos laboratoriais, acaba conhecendo praticamente todos os alunos, professores e funcionários com tempo. Foram anos de muito estudo e dedicação, de altas notas e baixas e corridas contra o tempo para estudar e acabar trabalhos. Mas hoje eu olho para trás e percebo o quão importante foram as interações interpessoais que a vida no Campus me proporcionou”, lembra. Na opinião dele, a iniciação científica na UPF e o fato de não ter receio de trocar a vida de clínico para investir na pesquisa e no ensino foram os dos principais diferenciais que o ajudaram na sua consolidação profissional. 

Para o futuro, os planos do professor são continuar desenvolvendo suas pesquisas, focando cada vez mais no desenvolvimento puro, em melhorar a saúde com alta ênfase na ciência básica, no desenvolvimento de modelos celulares para regenerações teciduais e desenvolvimentos de materiais para aplicações clínicas. Nossos primeiros trabalhos em impressão 3D para regeneração óssea e pulpar foram recentemente publicados e estou colocando mais ênfase nessa área. O meu plano é continuar contribuindo com o crescimento da NUS e avançando a Odontologia pela pesquisa. Não tenho planos de voltar para o Brasil nesse momento, pois trabalhar com pesquisa e morar em Cingapura tem sido uma experiência bastante excitante”, finaliza.