Universidade

Conhecimento além dos livros

29/08/2019

17:36

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Camila Guedes

Minicursos oferecidos durante o XI Semape apresentaram diferentes metodologias para transformar o dia a dia de professores e estudantes em sala de aula

Que tal passar um cafezinho para ensinar conceitos de física, biologia e química? Ou então, que tal usar o celular como ferramenta para facilitar o aprendizado da matemática? Essas foram apenas duas das mais de 30 possibilidades que professores de diversas áreas de Passo Fundo e região tiveram de aprender diferentes formas e metodologias para transformar o dia a dia em sala de aula. Integrando a programação do XI Seminário de Atualização Pedagógica (Semape) e o 9º Encontro de Professores e Estagiários das Licenciaturas, os minicursos ocorreram na tarde desta quinta-feira, dia 29 de agosto, em vários espaços da Universidade de Passo Fundo (UPF), criando uma rede de conhecimento e compartilhamento. 

A ciência por trás de um simples café
Que conceitos podem ser estudados a partir do preparo de uma simples xícara de café? Aquela xícara que quase todo mundo toma de manhã ou depois do almoço pode ser uma ferramenta para apresentar a estudantes do ensino fundamental e médio o universo das ciências da natureza. A proposta foi mostrada – e preparada, com direito a cheirinho de café – durante o minucurso “Que tal um cafezinho? Os conceitos científicos relacionados ao preparo do café:  uma proposta de situação de estudo para o ensino de ciências da natureza”. 

Ministrado pelos professores do curso de Química da UPF Dr. Ademar Antônio Lauxen e Dr. Lairton Tres, o minicurso usou do preparo do café para desenvolver diversos conceitos científicos que se relacionam com o contexto dos estudantes, auxiliando no entendimento da realidade. “O que é um café solúvel, o que é um café passado, qual a indústria que está por trás disso, na preparação desse café. Depois, no preparo dele na nossa casa, podemos perceber quantas substâncias estão contidas além da cafeína e estudar um pouco essas estruturas químicas, as propriedades das substâncias. Se o café for adoçado, é com açúcar? Com adoçante? Qual é a melhor opção? Que diferença tem isso? Quais conceitos de densidade estão envolvidos nisso?”, explicou o professor Lairton, falando das inúmeras possibilidades de estudo. 

Para ele, a principal proposta é utilizar de uma ferramenta simples, como a própria cafeteira ou mesmo o coador de café, para fazer com que o estudante pense sobre aquele café que está tomando e problematize diferentes questões, aprendendo, assim, o conteúdo baseado nos eixos temáticos propostos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um dos temas discutidos nesta edição do Semape. “É fácil levar uma cafeteira para a sala de aula e mostrar como ela é composta, ensinar conceitos como calor e temperatura, as mudanças do estado de agregação da água, processo de extração do café, combinação química... Eu posso discutir esses conceitos para que eles percebam o quanto isso está presente no nosso dia a dia. Não precisamos de grandes artefatos, de grandes laboratórios”, completou. 

Tecnologia para construir conhecimento
Além da cafeteira, outro aparelho tecnológico também pode entrar na sala de aula e servir como ferramenta de estudo: o celular, que, inclusive, já entrou em muitas delas. O desafio desta tarde, no entanto, foi entender como ele pode ser usado no ensino de uma das matérias que mais dá dor de cabeça para os estudantes: a matemática. A problemática foi debatida no minicurso “Uso do celular em sala de aula: proposta para o ensino da matemática e ciências para os anos finais”, ministrado pelos professores Dr. Carlos Ariel Samudio Perez e Me. Juliano Cavalcanti. 

Por meio da produção de vídeos, podcasts e planilhas, os professores buscaram demonstrar as possibilidades de uso do celular para atividades experimentais que se relacionem com o dia a dia dos estudantes. “Nosso foco é usar a tecnologia – o celular – para instrumentalizar aquilo que o professor já faz em sala de aula. Às vezes, parece uma atividade boba, para fazer uma coisa diferente, um jogo, mas, dentro dessa situação, é possível aprender muitas coisas, principalmente a questão da interação, de discutir com os colegas o que eles entenderam daquele assunto, mostrar os exemplos, comparar. E isso faz parte das competências de uma pessoa para resolver qualquer problema”, pontuou Cavalcanti. 

Para o professor, o essencial é mostrar que, aos poucos, é possível ir acrescentando a tecnologia no decorrer das aulas. “Esses aplicativos que nós trabalhamos não precisam de internet no momento em que são usados, o professor só vai precisar preparar previamente. As principais questões que precisamos trabalhar são essas de conhecer, avaliar se realmente funciona, porque o aplicativo por si não dá garantias, mas ele pode ser inserido”, disse. O desafio, no entanto, na opinião do professor, está em ter acesso a essa tecnologia, que apesar de parecer acessível para todos, ainda não é. “Acredito que a principal barreira está nessa questão de que nem todo mundo tem esse acesso. No contexto de sala de aula, nem todos os estudantes têm celular, mas o professor pode usar outros meios. Outro desafio está na forma como as pessoas entendem a tecnologia. Quando ela foi criada, não foi para esse fim, de simplesmente trocar informações, e sim, construir alguma coisa, nesse caso, conhecimento”, finalizou.