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Outubro Rosa: uma chamada para atenção à vida

08/10/2020

13:26

Por: Jéssica França

Fotos: Leonardo Andreoli

No mês de alerta sobre a prevenção ao câncer de mama apresentamos histórias de funcionárias da UPF que enfrentaram o diagnóstico e o tratamento da doença

No Outubro Rosa mês de prevenção e alerta sobre o câncer de mama, um dos cânceres que mais atinge mulheres no mundo, um importante alerta é dado a toda a sociedade sobre como o diagnóstico precoce pode contribuir para o sucesso do tratamento e a cura da doença.

Histórias de superação e de enfrentamento de um diagnóstico que não é fácil de encarar são muitas e na Universidade de Passo Fundo (UPF) encontramos quatro mulheres que em diferentes momentos de suas vidas precisaram enfrentar o câncer de mama.

Daniela Cardoso Godinho passou por sessões de quimioterapia e radioterapia

Daniela Cardoso Godinho de 36 anos, que trabalha na Divisão de Marketing e Comunicação conta que descobriu o câncer de mama em 2019, pois estava sentindo dores na mama direita. “Pensei que não era nada grave, pois em setembro de 2018 havia realizado exames de rotina e tudo parecia bem. Mas em maio de 2019, no banho, ao fazer o autoexame senti um nódulo. Procurei minha médica e realizei exames - mamografia e ecografia e logo foi solicitado biópsia que confirmou ser câncer, o tumor estava com quase 7 cm. Esta fase inicial, desde a espera dos resultados até a confirmação, foi a etapa mais difícil, não saber ao certo o impacto do tratamento em mim e, consequentemente, na minha família. Esse foi o momento em que a gente não acredita que está acontecendo”, conta.

Ana Cristina Faber de 44 anos, que trabalha na Divisão de Gestão de Pessoas da UPF há 18 anos, descobriu o câncer em agosto de 2018. “ Estava em casa, era quarta-feira meu marido foi assistir o futebol na sala e as meninas queriam assistir um filme comigo no quarto. Eu deitada na cama com os braços para cima e senti uma coceira na axila, fui apalpar e senti uma bolinha como se fosse um grãozinho de feijão. Na hora eu já pensei isso não é uma coisa legal. No outro dia já procurei ajuda médica. O interessante da história toda é que faziam apenas quatro meses que eu tinha feito a mamografia e não tinha nada, ou seja, em quatro meses desenvolveu e já estava com dois centímetros o nódulo”, comenta.

Iara Regina Favini 51 anos, que atua na Biblioteca Central, conta que descobriu o câncer ao fazer o autoexame. “Descobri no banho ao me apalpar, já estava um caroço de 3cm fui em busca de um médico que me senti confiante para enfrentar a realidade do câncer”, afirmou.

A professora Adriana Bertoletti de 58 anos que atua no Centro de Ensino Médio Integrado UPF teve câncer de mama há 20 anos. “Quando fui fazer minha mamografia, foi observado microcalcificações, então fiz agulhamento e foi constatado o câncer na mama direita. Fiz cirurgia e foi então retirado um quadrante inferior da mama direita e linfonodos axilares que também estavam anormais. Não precisei fazer quimioterapia, mas fiz 45 sessões de radioterapia e tomei o tamoxifen por cinco anos. Após fiz a reconstrução da mama”, disse.

Ana Cristina Faber descobriu o câncer de mama em 2018

Tratamento

O tratamento para o câncer de mama varia, mas normalmente envolve cirurgia e sessões de quimioterapia e radioterapia também podem ser administradas de acordo com o caso e com a orientação da equipe médica. Em decorrência do tratamento, podem ocorrer alguns efeitos colaterais, como a perda de cabelo, alterações nas unhas, náuseas, entre outros sintomas. “Durante toda essa fase da minha vida, o único momento que senti medo foi no início com todas as incertezas. Depois, com o início do tratamento, percebi que seria uma jornada diferente, difícil, mas não impossível de passar por ela”, disse Daniela.

Conforme Daniela a força mental e a ajuda da família foram importantes para enfrentar o tratamento. “No decorrer do tratamento fiquei carequinha, sem sobrancelhas, sem cílios, fiquei diferente, irreconhecível, mas sempre quando me olhava no espelho dizia ao meu reflexo ‘seja forte, logo vai passar’. E de fato, segui forte e confiante. E a base dessa força foi o apoio da minha família, meu marido e minhas filhas. Meu tratamento iniciou em junho de 2019 com a quimioterapia para reduzir o tamanho do tumor, foram 16 sessões. Após fiz a mastectomia das duas mamas com reconstrução e o esvaziamento axilar direito. E por fim, 16 sessões de radioterapia que encerrou em maio de 2020”, disse.

Ana Cristina fez mastectomia total e um mês após a cirurgia iniciou o tratamento com quimioterapia. “Fiz quatro aplicações da quimioterapia vermelha que dizem que é a mais forte, com uma dose da vermelha, em 13 dias eu já estava careca. Fiz 4 da vermelha e mais 12 aplicações da branca que era toda semana. Um pouco antes de começar as quimios, fui a Porto Alegre e comprei uma peruca, porque eu não queria andar careca, tentei colocar aqueles lenços, achei estranho e não gostei. Optei pela peruca e me sentia muito bem com ela. Perder o cabelo não achei tão ruim, quanto perder a sobrancelha e os cílios, você fica com aspecto de doente, para mim foi mais difícil isso”, relata.

Iara Regina Favini descobriu o câncer fazendo o autoexame

Desafios

Ana Cristina relata que o diagnóstico da doença foi a pior parte de todo o processo. “A pior parte é o diagnóstico, quando você recebe é cruel. Você tem a impressão que no outro dia você está morrendo e falar para minhas filhas também não foi fácil. A minha mais velha que hoje está com 14 anos foi tranquila, já a pequena ficou sabendo por uma colega antes de eu contar para ela, a colega disse que estava com pena de mim porque estava com câncer e ia morrer, naquele dia que ela chegou em casa desesperada. Então peguei meus exames e mostrei para ela onde estava o nódulo, expliquei que era um bichinho do mal, mas que eu ia tomar um remédio, que provavelmente ia cair o cabelo, mas que eu ia ficar bem”, disse.

Iara destaca que a doença é imprevisível e que a força interior deu suporte para superar. “O câncer é uma realidade que pode atingir qualquer pessoa, acredito que estamos no mundo para enfrentar os obstáculos, procurava não pensar em coisas negativas, mas que era uma fase da minha vida que eu ia superar”, disse.

Para Adriana o suporte familiar e a fé foram as ajudas que precisava para enfrentar o momento. “Quando recebi a notícia do diagnóstico, fiquei muito abalada e com medo. Mas tive o apoio de minha família, que sempre estiveram presentes comigo, e a presença deles me deu mais força para enfrentar esta doença. Em nenhum momento eu pensei que iria morrer, pois a fé em Deus e Nossa Senhora Aparecida me deram a força que eu precisava para enfrentar a situação”, destaca.

Fique atento aos sintomas

Daniela alerta para a importância do autoconhecimento. “Primeiramente ressaltar a importância de fazer os exames de rotina e de fazer o autoexame. Conhecer o seu corpo é tudo! Segundo, câncer tem cura. E acredito que a cura está no resultado do tratamento, mas também em nossa mente, o quanto acreditamos que tudo vai dar certo. E terceiro, a força e o apoio das pessoas que amamos é a base firme que nos sustenta”, salienta.

Ana também destaca que homens e mulheres precisam fazer o autoexame. “Façam o autoexame porque comigo foi assim eu percebi em casa e se eu não tivesse percebido, eu teria visto somente no outro ano com os exames de rotina e já teria sido tarde. Porque o tipo de câncer que me pareceu é um dos mais agressivos, ele cresce muito rápido, então eu não teria a chance de estar aqui ainda. E se acontecer de ter câncer bora tratar!”, finalizou.

Fique alerta

A mais recente estimativa mundial, ano 2018, aponta que o câncer de mama (2,1 milhões) é segundo que mais incide no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres.

Os sinais e sintomas variam, contudo, fique alerta se houver: inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo); nódulo único endurecido; irritação ou abaulamento de uma parte da mama; dor na mama ou mamilo; inversão do mamilo; vermelhidão na pele; inchaço da pele; espessamento ou retração da pele ou do mamilo; secreção sanguinolenta ou serosa pelos mamilos.; linfonodos aumentados.

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