Ensino

Em viagem de estudos, acadêmicos da UPF conhecem unidades de conservação do RS

25/05/2022

14:50

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Os estudantes de Ciências Biológicas passaram três dias estudando a biodiversidade, as belezas cênicas e o manejo de quatro diferentes áreas protegidas

Buscando conhecer e analisar diferentes categorias de áreas protegidas, acadêmicos dos últimos níveis de Ciências Biológicas - Bacharelado e Licenciatura da Universidade de Passo Fundo (UPF) realizaram uma viagem de estudos pela região norte e nordeste do Rio Grande do Sul. De 20 a 22 de maio, o grupo visitou e analisou quatro diferentes categorias de unidades de conservação, destacando a biodiversidade, as belezas cênicas e o manejo de cada uma, de acordo com os objetivos de cada área protegida. O grupo visitou a Reserva Particular do Patrimônio Natural da Universidade de Passo Fundo (RPPN/UPF), a Floresta Nacional de Passo Fundo, o Parque Nacional da Serra Geral, em Cambará do Sul, e a Estação Ecológica de Aracuri, em Muitos Capões.

Realizada pela disciplina de Biologia da Conservação, a viagem de estudos buscou preparar os estudantes para os trabalhos técnicos de Plano de Manejo e Programa de Uso Público de áreas escolhidas por eles, aplicando princípios do planejamento ecológico. “Durante a viagem, os acadêmicos analisaram a conformidade das áreas protegidas com a legislação, em especial sobre a Lei nº 9.985 (2000), conhecida com a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)”, explica o professor Dr. Jaime Martinez, que destaca o caráter multidisciplinar da viagem de estudos e dos debates durante a aula de campo. A atividade teve a presença do gestor do ICMBio, Adão Gullich e do professor Dr. Marcos Gerhardt, do curso de História da UPF, que provocaram reflexões sobre a conservação da natureza no Brasil e fizeram análises do processo histórico envolvido nas ações públicas e privadas que contemplaram a proteção dos ambientes de florestas com araucárias.

Para a acadêmica do sétimo nível de Ciências Biológicas, Maria Eduarda Soares Alberti, a viagem foi uma oportunidade enriquecedora de conhecer a atuação do biólogo na conservação da natureza e a rotina de trabalho dos profissionais que atuam nas unidades. “Acredito que a gente começa a valorizar um lugar ainda mais a partir do momento que estamos lá dentro vendo a rotina de trabalho, conhecendo as espécies, a paisagem e vendo o quanto a natureza lá é conservada e muito rica. Isso nos aflora um sentimento de garra de correr atrás pela conservação, defender com unhas e dentes esses lugares que são do Brasil, são do mundo e que sem elas nós não temos qualidade de vida”, afirma a acadêmica, que ainda disse.

“No momento atual que estamos vivendo com relação ao meio ambiente, conhecer as unidades de conservação, os gestores e estar presente nesses locais foi muito enriquecedor e importante na minha formação como bióloga”, ressaltou a estudante.

A estudante Gabriela Fernandes Brambilla é egressa do curso Ciências Biológicas Licenciatura e agora reingressou no bacharelado. Para ela, a viagem de estudos é um dos passeios que, ansiosamente, esperou para realizar. “Tive a oportunidade de contemplar diversas belezas naturais presentes em nosso estado. Adquiri imenso conhecimento no campo da conservação de áreas protegidas e sua importância para a sobrevivência de diversas espécies de seres vivos. Esta viagem contribuiu de diversas formas para meu crescimento profissional e pessoal e apenas reforçou meu desejo de seguir carreira na área da conservação”, afirma Gabriela.

Grupo conheceu quatro unidades de conservação

A primeira área protegida estudada foi a Reserva Particular do Patrimônio Natural da Universidade de Passo Fundo (RPPN/UPF), onde os acadêmicos conheceram a história que ilustra a consciência e o compromisso da instituição de atuar na conservação da natureza. “Com 32,21 hectares, a RPPN protege a floresta ciliar de importante percurso do Arroio Miranda, assim como muitas nascentes, antes da bacia de captação de água para o abastecimento de cerca de 60% da população de Passo Fundo”, explica Rodriguez. “Na RPPN UPF também puderam observar exemplares típicos da fauna, da funga e da flora da região, e pela sua localização geográfica atuar como importante corredor ecológico de fragmentos florestais remanescentes. Sendo uma das mantidas da Fundação Universidade de Passo Fundo, a RPPN UPF tem grande importância regional na conservação da natureza, sendo um espaço propício para atividades de ensino, de pesquisa e de extensão, além de propiciar o fortalecimento da conexão das pessoas com a natureza”, afirma o professor Dr. Jaime Rodriguez.

Na sequência, o grupo seguiu para o município de Mato Castelhano para conhecer a maior área protegida do Planalto Médio, a Floresta Nacional de Passo Fundo, área que busca desenvolver o uso múltiplo e sustentável dos recursos florestais, como um grande laboratório para a sociedade experimentar projetos e estratégias que busquem a sustentabilidade ambiental. “Com seus 1.328 hectares geridos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Floresta Nacional de Passo Fundo é também palco para muitas aulas de vários cursos de graduação e pós-graduação da UPF, com a realização de inúmeras pesquisas para o conhecimento da biodiversidade regional”, afirma o professor. A turma da UPF foi acompanhada pelo chefe da Floresta Nacional, engenheiro agrônomo Adão Gullich, que apresentou o resultado de diversos tipos de manejo na área, em diferentes tipologias florestais, promovendo bons debates sobre uso e conservação dos recursos florestais.

No segundo dia da viagem de estudos, já em Cambará do Sul, a turma foi analisar outra categoria de unidade de conservação, rica em belezas cênicas e propícias para o uso público, além da missão principal de conservação da natureza: o Parque Nacional da Serra Geral. Contemplando áreas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina em seus 17.300 ha, o Parque protege uma das principais belezas cênicas do Brasil: os cânions na divisa entre os dois estados, muitos abertos para a região litorânea do sul do Brasil. Acompanhados também pelo analista ambiental do ICMBio, Adão Gullich, os acadêmicos interpretaram a geologia e a biodiversidade da região, e visitaram belezas cênicas como o Cânion Fortaleza, o Rio do Tigre Preto e a Cascata do Tigre Preto. 

Nesta unidade de conservação, o professor Jaime Martinez, analisou as cinco diferentes tipologias de vegetação que o parque conserva. “Em função da excepcional visibilidade da atmosfera, com muito pouca neblina, foi possível observar paisagens a mais de 35 km de distância, como o Oceano Atlântico e os prédios do município de Torres, estando em mirante natural no alto da montanha, a uma altitude de cerca de 1.050 metros em relação ao nível do mar. Neste mirante, os estudantes puderam conhecer a faixa litorânea conhecida como Porta de Torres, denominada pelo botânico Balduíno Rambo, formada nos últimos milhões de anos e por onde a vegetação da Floresta Atlântica teria entrado para o Rio Grande do Sul”, observou.

No terceiro dia de atividades, a viagem teve como tema a categoria de unidade de conservação “Estação Ecológica”, analisando semelhanças e diferenças com as outras áreas protegidas analisadas. A unidade de conservação selecionada, localizada no município de Muitos Capões, foi a Estação Ecológica de Aracuri, cujo principal motivo para sua criação foi o interesse do poder público federal em proteger uma espécie ameaçada, o papagaio-charão. “Com uma rica biodiversidade protegida, a estação ecológica tem uma forte missão voltada para a pesquisa, possuindo inclusive uma Zona de Interferência Experimental para estudos avançados de regeneração do ecossistema”, salientou o professor. Também acompanhados pelo analista ambiental do ICMBio, Adão Gullich que realiza uma gestão compartilhada com a Floresta Nacional de Passo Fundo, os futuros profissionais das Ciências Biológicas puderam realizar bons debates sobre o manejo de espécies invasoras como o pinus e o javali, assim como no manejo de áreas pensando na conservação de diferentes ecossistemas, com destaque para as necessidades do chamado campo nativo.