Educação, escola e sala de aula na perspectiva da práxis dialógica benincaniana
A leitura e meditação cuidadosa dos clássicos é indispensável não só para a formação humana em geral, mas, inclusive, para a autoformação pessoal. Quem se dispõe ao desafio de enfrentar os clássicos, transforma-se tendencialmente para melhor. O trabalho cuidadoso com os clássicos também é importante para a formação profissional. No caso específico da formação docente, o professor que tem a possibilidade de ter acesso aos clássicos e se dispõe a estuda-los, certamente prepara-se melhor intelectual e afetivamente para enfrentar os grandes desafios educacionais e à própria dureza do trabalho pedagógico cotidiano em sala de aula.
Por isso, é dever da docência universitária oportunizar o estudo investigativo dos clássicos. Isso se faz ainda mais necessário pela dispersão e superficialidade que caracteriza, em boa parte, o cenário cultural contemporâneo, que também atinge em cheio, obviamente, o campo educacional. Nosso tempo presente é caracterizado pela brutalização da estultícia humana, provocando crescentes processos de deformação cultural e educacional.
Nessa edição dos "Clássicos e a formação humana" vamos focar em um clássico regional, chamado Elli Benincá, que influenciou e continua a influenciar significativamente a educação brasileira, especialmente aquela desenvolvida na Região Norte do Rio Grande do Sul. Com sua longa experiência formativa, tanto prática como teórica, Benincá contribui na formação de muitas gerações de estudantes e agentes sociais e pastorais que atuam vivamente nas instituições formais de ensino, principalmente nas escolas públicas e privadas. A singularidade da práxis formativa benincaniana que atraiu para si a companhia de inúmeros professores e alunos repousa na ênfase dada ao trabalho de grupo baseado no diálogo como princípio formativo-educativo.
De outra parte, Benincá certamente não criou suas ideias educativas do nada. Elas são resultado de um duplo movimento, profundamente imbricado entre si, do estudo minucioso e contínuo da clássica tradição ocidental, cultural e educativa, e da inserção concreta e cotidiana no mundo cultural de seu tempo, dialogando com sua conflituosa diversidade educacional. Neste contexto, a práxis dialógica benincaniana é herdeira de grandes projetos educacionais gestados vagarosamente pela Paideia grega, pela Humanitas latina e pela Bildung alemã, ao mesmo tempo em que procura atualizá-los de acordo com as questões educacionais de sua época.
Neste contexto temático, o seminário/curso deixa-se mover, entre outras, pelas seguintes questões: Em que consiste a práxis dialógica benincaniana? Que heranças ela preserva da tradição clássica e que transformações sugere? Como pensa a escola e a prática pedagógica de sala de aula? Que referências de uma educação crítica resultam de sua práxis dialógica?
Que ideal de condição humana e sociedade ela sustenta?
• Investigar traços da biografia de Elli Benincá com foco em sua experiência formativa.
• Interpretar criticamente sua noção de educação, escola e sala de aula.
• Investigar os traços principais de sua noção de práxis dialógica, buscando confronta-la com traços da tradição pedagógica clássica.
• Problematizar possibilidade de atualização de sua noção de práxis dialógica no confronto crítico com práticas docentes do presente, ouvindo depoimentos de professores que se encontram em experiências de gestão e em práticas pedagógicas de sala de aula.
Angelo V. Cenci
Eldon H. Mühl
Daniela De David Araujo
Marcelo J. Doro
Miguel da Silva Rossetto
Coordenação
Claudio Almir Dalbosco - vcdalbosco@hotmail.com
Período de realização do curso
De 02/03/2022 a 20/04/2022 (quarta-feira das 19h20min às 21h20min)
Carga horária: 40h
Modalidade: On-line