Pesquisa e Inovação

UPF conquista patente para bebida láctea feita a partir do soro de leite

15/10/2021

08:30

Por: Carol Simor - Assessoria de Imprensa

Fotos: Carla Vailatti / Divulgação

Originado do processo de elaboração de queijos, o soro de leite é produzido em grande quantidade pela indústria láctea. Com uma média de 4,6% de lactose em sua composição, ele tem alta potencialidade de aplicação em formulações alimentícias. A partir desses dados, publicados em pesquisas desenvolvidas dentro do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade de Passo Fundo (PPGCTA/UPF), foi possível patentear um processo inovador: produzir bebidas lácteas utilizando o soro de leite. Com a ideia, o produto, até então subvalorizado, se torna um elemento chave para a produção de um alimento saudável e altamente consumido.

A lactose do soro de leite apresenta alta potencialidade de aplicação em formulações alimentícias. O professor Dr. Vandré Brião, responsável pelo projeto que permitiu a patente, explica que a pesquisa buscou fracionar o soro de leite em duas correntes: lactose e proteínas (whey protein). Depois de purificadas e tratadas, foram testadas para serem utilizadas como ingrediente da produção de uma bebida láctea. “A ideia surgiu em um projeto do Polo Tecnológico em Alimentos, financiado pela Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia. A proposta é de valorizar soro de leite, um coproduto da produção de queijos ainda subvalorizado. Paralelo a isso, parte da proposta foi o projeto de minha bolsa produtividade em Extensão Inovadora e Desenvolvimento Tecnológico do CNPq”, salienta o pesquisador.

Brião ressalta que o desenvolvimento da patente foi realizado por duas mestrandas do Programa. Bruna Seguenka e Creciana Endres, desenvolveram suas dissertações trabalhando o tema e conseguiram evoluir os resultados até a obtenção do processo e do produto. 

Segundo o professor, a importância da patente conquistada é o aproveitamento de um elemento que é descartado nos atuais processos de produção de queijo. Com isso, além de permitir mais rentabilidade, a ideia trará mais benefícios para a saúde. “Bebida Láctea é um produto popular, mas em relação ao iogurte ou leite, tem baixo teor de proteínas.  Por outra vertente, o soro de leite ainda é descartado para fins menos nobres, como por exemplo, para ração animal. Logo, desenvolver um produto e um processo para obtenção desta bebida láctea valoriza o soro de leite, e melhora nutricionalmente a bebida láctea, elevando sua concentração de proteínas”, pontua.

Trabalho conjunto para potencializar o conhecimento

Embora a Universidade não comercialize o produto, existe dentro da Instituição uma rede de suporte para a pesquisa, atuando para que a produção do conhecimento chegue até a comunidade. Essa rede está dentro do UPF Parque

Desde o auxílio para a conquista da patente, até a busca por parcerias que farão o desenvolvimento dos produtos, são diversos setores que trabalham de forma coletiva. Um deles é a Agência de Inovação Tecnológica que desenvolve, entre outras atividades, a proteção do conhecimento desenvolvido dentro da Universidade e que vai para fora da academia

De acordo com Flávia Cavalcanti, que atua no setor, o trabalho passa por orientar e encaminhar processos de proteção por patente, registros de software e marca, proteção de cultivares e desenhos industriais. Ela destaca que muitos estudantes, professores e pesquisadores, que desenvolveram algo que entendem ser inovador, ou que ainda pretendem desenvolver procuram o setor. “Fazemos a análise em conjunto com eles para ver se esta inovação seria passível de proteção e estabelecemos a melhor estratégia para tanto. Após o tramite interno e o protocolo do pedido de proteção no órgão competente, assegurando assim os direitos sobre a propriedade intelectual, parte-se para a prospecção de parceiros que possam levar a criação ao mercado e de fato disponibilizar à comunidade”, explica.

Flávia ressalta que essa ação, chamada de Transferência de Tecnologia (TT), é o grande objetivo de ser da Agência, ou seja, levar aquilo que é desenvolvido dentro da UPF, para beneficiar a comunidade, gerando valor para a sociedade, para as Empresas e para a Universidade. 

Aproximar a inovação da comunidade

Para Flávia um dos grandes desafios nessa área de patentes e proteção de inovações, é apresentar para as pessoas a Universidade como ferramenta para isso. “A patente concedida, por exemplo, facilita muito a aproximação com as empresas. Pois explicita a característica inovadora da tecnologia e da Universidade como um todo”, pontua.

Para aproximar o mercado da Universidade, a equipe trabalha com os chamados projetos de pesquisa colaborativa. Neles, empresa e Universidade se envolvem em prol de um objetivo em comum: solucionar algum problema ou propor ideias inovadoras. “Nesses casos, a transferência de tecnologia vem pronta, pois a empresa investe naquilo que poderá usufruir e tirar dividendos”, observa.

Segundo Flávia, o sentido de uma Propriedade Intelectual I é poder formalizar e facilitar a Transferência de Tecnologia, de forma que essa possa atingir seu público alvo. “O objetivo de uma Universidade é gerar e passar conhecimento. Não produzir e comercializar produtos. Por isso, para se completar o ciclo da Inovação é necessária essa parceria com empresas, para que elas possam fazer com essas invenções cheguem nas prateleiras dos mercados”, pontua, ressaltando que o papel da Agência de Inovação é intermediar a relação desses atores afim de fomentar esse ciclo da Inovação.

A nova tecnologia desenvolvida pelo professor Vandré, bem como as demais tecnologias protegidas pela UPF estão disponíveis para licenciamento. Interessados podem fazer contato através de (54)3316-8283 ou upftec@upf.br.