Universidade

“Pensar coletivos nesse momento não é uma tarefa qualquer”

04/12/2019

17:47

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Camila Guedes

Curso na UPF promoveu a formação de equipes de saúde vinculadas à 6ª Coordenadoria Regional de Saúde. Seminário realizado nesta quarta-feira (4) marcou o encerramento da formação

A Universidade de Passo Fundo (UPF) promoveu, na tarde desta quarta-feira, 4 de dezembro, o Seminário Gestão dos Coletivos e Bem-Estar Comum. A atividade, realizada no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Feac), marcou o encerramento do curso de Educação Permanente em Saúde "Trabalho em equipe e outros coletivos" e contou com a presença de profissionais e gestores da área de saúde dos municípios vinculados à 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), além de estudantes e professores dos cursos da saúde da UPF. 

A tarde de formação contou com a presença da professora e psicóloga Dra. Simone Mainieri Paulon, da UFRGS. Conforme a reitora da UPF, professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin, o tema foi proposto a partir dos debates realizados ao longo do semestre, durante os encontros do curso.  “Nós identificamos que um dos pontos críticos que tínhamos era essa dificuldade na gestão dos coletivos, além dessa dificuldade na relação no dia a dia de trabalho das equipes. Afinal, todos nós temos uma formação profissional em áreas distintas, temos um saber importante para desenvolvermos o trabalho cotidiano, mas há necessidade de um elo, de uma relação forte, de um fazer junto, de uma construção em equipe”, explicou. 

Segundo Bernadete, para cuidar das pessoas e dos coletivos, os profissionais da saúde precisam enlaçar o saber um do outro e isso precisa ser construído e trabalhado de forma coletiva. “As pessoas chegam lá na unidade de saúde, no hospital, na clínica, nos espaços de trabalho, e nós precisamos olhar para esse sujeito de uma forma diferente. Ele traz, certamente, algo complexo, que exige a presença desse grupo, da participação do outro, e não só do outro como equipe, mas do outro como família, como comunidade, e essa construção é algo que muitas vezes nós temos dificuldade para fazer”, complementou. 

Como fazer e manter coletivos
Com uma trajetória longa nas áreas de pesquisa, ensino e extensão de estudos de instituições e coletivos ligados à saúde, Simone teve como desafio pensar um cotidiano ainda pouco discutido e construído no país. De acordo com a psicóloga, é preciso pensar os coletivos em diferentes níveis. “é preciso refletir sobre como fazer coletivos, como manter os coletivos produzindo saúde, como nos vemos de modo mais coletivo, e, principalmente, é preciso começar a pensar sobre a questão do que podem fazer os coletivos em contextos de vidas precarizadas, adoecidas e, mais do que nunca, rivalizadas”, destacou.

Na opinião da pesquisadora, a temática de abre a partir da viabilidade de se pensar coletivos em um momento dramático no país. “Pensar coletivos nesse momento de desmanchamento de tecido social não é uma tarefa qualquer e acho que isso nos convoca especialmente como trabalhadores da saúde, da educação, mas também como cidadãos. Não só é possível, mas, mais do que nunca, é urgente que pensemos essa gestão dos coletivos associada a isso que estamos chamando de produção do comum”, acrescentou.

Educação permanente em saúde
O curso “Equipes de saúde: dinâmicas, análises e intervenções” foi criado tendo por base o Plano de Ação Regional de Educação Permanente em Saúde da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde. Ao longo deste semestre, a formação buscou subsidiar para a compreensão, reflexão e análise das dinâmicas das equipes e da gestão dos processos de trabalho, com vistas a fortalecer a atuação nos diferentes coletivos, sejam eles equipes, comunidades ou mesmo redes ampliadas.

Ao todo, 28 profissionais da área da saúde participaram do curso, vindos dos municípios de Barros Cassal, Carazinho, Fontoura Xavier, Mato Castelhano, Passo Fundo e Tapejara. O primeiro módulo ocorreu em julho deste ano, ministrado pela professora Bernadete. Segundo ela, a demanda do curso foi proposta a partir da própria Coordenadoria, que identificou que a maior dificuldade dos profissionais é trabalhar e entender as dinâmicas das equipes, do coletivo que envolve grupos diversos e da comunidade.