Ensino

Estudantes de Medicina da UPF desenvolvem projeto “Hospital do Ursinho”

16/10/2019

12:17

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação/AI Notre Dame

Projeto simula atendimento para que as crianças percam o medo de ir ao médico. Atividades contribuem também para o ensino médico humanizado

Para quem enfrenta um tratamento médico desde a infância, o ambiente hospitalar e os procedimentos médicos podem parecer um pouco “assustadores”; além disso, mesmo para crianças que não enfrentam esse tipo de desafio constante, o hospital, assim como a atuação de médicos e enfermeiros, desperta curiosidade e representa ansiedade durante as consultas médicas. Com o objetivo de auxiliar a mudança de percepção das crianças com relação aos profissionais de saúde, reduzindo o medo, estudantes do curso de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) integrantes da Federação Internacional dos Estudantes de Medicina (IFMSA - Brasil) trouxeram para Passo Fundo o projeto Hospital do Ursinho.

O projeto promove a familiarização das crianças com o ambiente hospitalar e procedimentos, orientando sobre saúde, higiene e alimentação com ação na prevenção de doenças. “A ideia de trazer o projeto surgiu ainda no início de 2019, sendo realizado pela primeira vez no ‘Encontro das Famílias do Acampamento da Criança com Diabetes’. No mês de outubro, também realizamos uma atividade no colégio Notre Dame, onde participaram em torno de 90 crianças do nível 3, com 4 e 5 anos de idade”, contaram os integrantes do projeto.

Participam do projeto 30 estudantes da Faculdade de Medicina (FM) e uma psicóloga. Na coordenação, estão as estudantes do IV nível do curso, Bianca Thais Schneider, Bárbara Diel Klein, Érica de La Torre, Gabrielle Schneider Ortiz, Luiza Ventura Penteado da Silva, Renata Marin da Silveira e Trévor Ragnini Testa.

Hospital do Ursinho
O “Hospital do Ursinho” ou “Teddy Bear Hospital” foi criado, no final da década de 1990, na Áustria e vem sendo difundido pela IFMSA, na tentativa de reduzir a questão da iatrofobia – medo de médicos – infantil e de promover a inclusão das crianças, de um modo lúdico, nas diversas fases de um atendimento hospitalar.

Desse modo, possibilita-se certa desmistificação e ressignificação acerca do atendimento médico, assim como um aprimoramento na relação médico-paciente e da humanização dos acadêmicos participantes; com a percepção de que as crianças têm condições de se expressar, ainda que sejam pequenas.

Como funciona o projeto
A dinâmica do Teddy Bear Hospital conduz a criança por um circuito coordenado, permitindo vivenciar junto ao seu novo urso diversas encenações lúdicas do processo de tratamento, tais como recepção, atendimento clínico, farmácia, exames, curativos, cirurgia, dentre outras.

Nas duas edições do projeto feitas pela IFMSA UPF, o circuito contou com recepção, momento em que as crianças escolhiam seu ursinho e um nome para ele; atendimento clínico, quando o ursinho tem seu nome registrado e a queixa principal que levou ele ao médico; exame físico, com pesagem dos ursinhos, aferição da temperatura, medição da altura, ausculta pulmonar e cardíaca.

Durante o circuito, as crianças também são estimuladas a acalmar o seu ursinho para que não tenham medo da picada para vacinas e exame de sangue, e, nos exames de imagem, o ursinho passa pelo Raio X e por tomografia.

Na farmácia, o ursinho recebe os medicamentos necessários e as orientações de uso; nos curativos, a criança enfaixa as partes machucadas do ursinho; e na cirurgia, elas, em grupo, se vestem como médicos e operam um ursinho, tirando dele as coisas ruins, além de aprender um pouco sobre a anatomia básica durante o processo. “Na escola, as crianças têm um contato um pouco menor com o ambiente retratado pela atividade, e, por isso, tiveram muita curiosidade e  desejo de participar. A atividade as colocou em contato com novos conhecimentos e experiências que poderão utilizar no futuro e, assim, reduzir o medo, que é tão prevalente no público infantil. Era nítido nas atitudes e nos olhos das crianças o interesse por tudo que estava acontecendo naquele momento. Cada estação pelas quais eles passavam trazia novas experiências que iam agregando conhecimento de forma lúdica, tornando o mundo da medicina mais palpável e menos temeroso, o que é o objetivo do projeto”, observaram os coordenadores.

Ensino médico humanizado
A Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo tem sempre o propósito de incentivar os estudantes a estabelecer um vínculo humanizado e adequado para uma formação médica mais completa. Isso envolve o cuidado e a atenção às particularidades de cada faixa etária. “Quando um projeto como o Hospital do Ursinho coloca a criança, suas vontades e medos em evidência, damos a oportunidade para que os pequenos se sintam seguros para se expressarem. Isso porque quando a criança é tratada como pai e mãe do seu ursinho, ela consegue transmitir de maneira clara seus sentimentos, sentindo-se menos exposta, já que o faz por meio do urso. Além disso, nós, estudantes, como médicos, conseguimos informar e diminuir seus medos em relação a consultas, hospitais, medicamentos, cirurgias. E fizemos tudo isso de maneira recreativa, de modo que os pequenos aprendem enquanto se divertem. Além disso, para nós acadêmicos de Medicina, o projeto é uma oportunidade de aprimorar a relação com os pacientes pediátricos”, destacaram os acadêmicos.

De acordo com o grupo, a IFMSA UPF pretende ampliar a atividade do Hospital do Ursinho para as escolas públicas de Passo Fundo. Além disso, a entidade possui comitês que promovem diversas atividades, como o “CineSonhar; “Higiene pessoal nas escolas”, “Love is love: mural contra LGBTfobia”, entre outras, com intuito de promover a saúde por meio de ações de conscientização junto à comunidade.