Pesquisa e Inovação

Orientações para elaboração de projetos

  1. Antes de tomar a decisão de utilizar um modelo animal em um projeto de pesquisa, responda às seguintes questões:

    I. O problema vale a pena ser investigado/solucionado? Quais os benefícios que esse estudo trará? Quem ou que segmentos da população serão beneficiados? Existe uma relação plausível de custo/benefício?

    II. Em caso de respostas afirmativas, pondere: o problema já foi solucionado ou estudado por alguém anteriormente? A revisão exaustiva da literatura pode abreviar alguns passos da pesquisa e talvez até mostrar sua inadequação, pois talvez o problema já tenha sido resolvido alhures.

    III. Poderia ser desenvolvido um modelo humano? Quais as limitações de ordem ética e de operacionalização envolvidas? São limitações relevantes?

    IV. Não podendo ser desenvolvido um modelo em humanos, um animal é um modelo apropriado? A similaridade dos processos patológicos e de comportamento do modelo animal são teoricamente aceitáveis? Há algum embasamento empírico de suporte ao modelo animal?

    V. A espécie a ser usada é a espécie apropriada para o problema? Alguma pesquisa prévia mal sucedida indicou que uma espécie específica pode ser inadequada? Que conclusões úteis podem ser tiradas da pesquisa que falhou?

    VI. Variações genéticas e ambientais podem ser avaliadas/controladas?

    VII. O estado de saúde do animal pode ser controlado durante toda a duração do projeto?

    VIII. A decisão a favor de um modelo específico pode ser totalmente baseada em argumentos científicos, ou será grandemente anulada por fatores tais como conveniência pessoal, inadequação de facilidades locais, financeiras, restrições éticas ou legais, falta de disponibilidade de espécies (em contraste, o fato de que uma espécie está prontamente disponível não pode ser considerado como um critério sério para a escolha desta), falta de cooperação inter ou intradepartamental e a tradição e conveniência do laboratório (por exemplo, facilidade de manipulação por técnicos ou experimentadores, tamanho da ninhada, sucesso na procriação)?

  2. A justificativa e o objetivo devem estar bem claros. A relevância científica do projeto está diretamente ligada aos aspectos éticos (uso desnecessário de animais), sendo, portanto, avaliada durante o trâmite do projeto. Por exemplo, a repetição de experimento que seja consagrado na literatura sem justificativa plausível fere a ética, uma vez que não acrescenta nenhuma contribuição ao conhecimento científico.

  3. O projeto de pesquisa deverá contemplar os seguintes aspectos, que serão analisados pela Ceua:

    I. relevância da pesquisa e necessidade da utilização de animais para comprovação das hipóteses formuladas e avanço no conhecimento no tema específico do projeto;

    II. adequação das técnicas e abordagens experimentais propostas aos objetivos do projeto. A descrição dos modelos animais e técnicas empregadas devem apresentar um nível de detalhamento adequado para a análise;

    III. experiência da equipe com projetos que envolvam experimentação animal;

    IV. espécie animal a ser utilizada, procedência, condições de transporte, ambientação, alojamento e manutenção;

    V. condições ambientais e de infraestrutura do local onde serão realizados os experimentos propriamente ditos;

    VI. definição dos grupos experimentais. Número de animais a serem utilizados por grupo (esse número deve ser definido por meio de cálculo amostral ou justificado a partir de dados anteriores, publicados pelo grupo de pesquisa, ou da literatura);

    VII. regimes de tratamento, dietas ou outros procedimentos e respectivos controles (doses, concentrações ou quantidades; intervalos, vias e volumes de administração; duração do tratamento ou dieta), os quais devem ser justificados com base em dados anteriores do grupo ou dados de literatura.

    VIII. métodos para a coleta de fluidos corporais (via, volume e frequência), quando for o caso;

    IX. métodos de contenção dos animais, quando for o caso;

    X. métodos de sedação, anestesia e analgesia, quando for o caso;

    XI. procedimentos cirúrgicos, quando for o caso;

    XII. cuidados pós-operatórios e/ou providências a serem tomadas no caso de o animal apresentar sinais de sofrimento excessivo ou não compatível com os objetivos do experimento e/ou possível benefício advindo da pesquisa.  Mencionar, quando aplicável, o desfecho (end-point) a ser utilizado para evitar o sofrimento animal. Nesse caso, descrever quais parâmetros serão indicativos de desfecho (exemplo: perda de peso superior a 20%, hiporresponsividade);

    XIII. procedimento de sacrifício/abate/indução de morte dos animais, com descrição e justificativa da escolha do método de eutanásia;

    XIV. métodos de descarte dos corpos ou carcaças dos animais e outros resíduos biológicos;

    XV. destino dos animais, no caso de não serem sacrificados/abatidos;

    XVI. métodos de descarte de resíduos químicos, quando for o caso;

    XVII. medidas de biossegurança, quando for o caso.