Ensino

Projeto com tema inédito desenvolvido por aluno UPF é destaque

15/03/2018

16:22

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo Leonardo Zanatta realizou seu Trabalho de Conclusão de Curso em parceria com uma Universidade da Arábia Saudita

Leonardo Zanatta, de 23 anos, formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Passo Fundo em 2017. Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi destaque nacional por ter sido desenvolvido em parceria com a Effat University. Zanatta desenvolveu um projeto para estação de trens de alta velocidade na cidade de Jeddah, Arábia Saudita. 

A King Fahad Station é uma estação central da cidade de Jeddah, na Arábia Saudita, criada para funcionar como um grande intermodal, conectando os modais de transporte preexistentes na malha urbana Jedaíta aos trens de alta velocidade do sistema Haramain, que estão sendo implementados para desafogar as rodovias do país.

Conforme Zanatta, a Arábia Saudita é o centro da cultura Islâmica mundial e também o local onde se localizam as duas mesquitas mais sagradas. As vias de transporte pelas quais os peregrinos circulam foram ficando mais congestionadas ao longo dos anos, tornando imprescindível a criação de uma alternativa rápida, eficiente e com baixa emissão de carbono, para esses deslocamentos. Sendo assim, o governo Árabe decidiu inserir no país um sistema de trens de alta velocidade, ligando as cidade de Meca e Medina, via Rabigh e Jeddah. 

As estações do sistema foram projetadas pelo escritório londrino Foster and Partners, que considerou questões socioculturais do país no processo de design. “Minha intenção com a criação desse projeto foi contrapor os conceitos de Foster, oferecendo um design alternativo para a estação, inspirado, acima de tudo, em algo que existe independentemente de convenções sociais e culturais, a Fauna. Com o uso de ferramentas de design paramétrico, a estação foi completamente pensada com a aplicação de conceitos de biônica, a área da ciência que busca na observação dos seres vivos estratégias de solução para problemas de engenharia”, explicou. 

Projeto

O design do edifício foi criado tendo no invólucro externo uma estrutura metálica repleta de “escamas”, aberturas que apresentam variações de altura que barram a insolação direta no interior do edifício, ao mesmo tempo em que permitem que a brisa fresca e úmida do mar vermelho entre, ventilando a câmara das treliças e, assim, diminuindo o ganho térmico do edifício pela cobertura. “Em termos de composição, o edifício busca imprimir no observador uma sensação de dinamicidade e fluidez. As escamas parecem se movimentar em alta velocidade, sendo atraídas para um ponto focal, além de lembrar o comportamento da víbora de chifres, que enterra o corpo parcialmente na areia, com a qual realiza mimetismo. A intenção foi a de que, ao olhar o edifício de uma certa distância, o observador tivesse a sensação de que este está a se contorcer enquanto se adapta ao terreno e assume seu posto enquanto ícone na paisagem”, disse.

Arquitetonicamente, a estação conta também com área de comércio, lojas das principais marcas internacionais, mesquita, praça de alimentação, áreas de vendas de tickets, aluguel de carros e hotéis. No subsolo, onde passam os trens, as plataformas de embarque de 200 metros de comprimento são atendidas por seis escadas rolantes e seis escadas comuns, ao mesmo tempo em que são assistidas por 12 elevadores. Existem ainda 1500 vagas de estacionamento de curta permanência na parte frontal do edifício e mais 1500 vagas para longa permanência, divididas em três níveis, sob os trilhos. Além disso, o projeto ainda conta com estacionamentos para ônibus turísticos, paradouros para táxis, BRTs, dois helipontos, e, no nível 5, uma plataforma de metrô.

O entorno, um sítio de 84 hectares, recebeu tratamento paisagístico, com espécies adaptadas para o clima árabe, onde as temperaturas podem chegar a 50°C nos períodos mais quentes do ano, além de ter oito tipos de modais diferentes circulando no interior do sítio, o que exigiu uma atenção especial para que os pontos de conflito entre esses fossem minimizados. “Escolhi esse tema porque queria que tivesse uma demanda real, que vinculasse a arquitetura com as questões urbanas da cidade. Acabei achando esse projeto de infraestrutura na Arábia Saudita e precisei entrar em contato com a universidade de lá, que criou um grupo de estudo para que acadêmicas me auxiliassem com materiais, legislação e traduções”, disse.

Trabalho inédito exigiu muito estudo

Entre as curiosidades do projeto, está a criação de uma mesquita, pois, como a estação é voltada para peregrinos, os quais têm a cultura de orar cinco vezes ao dia, era importante que houvesse um espaço assim na estação.  

De acordo com a orientadora do projeto, professora Dra. Eliane Panisson, por se tratar de um tema inédito, o projeto exigiu muito estudo e dedicação. “Foi uma orientação muito exigente. É um tema que não temos referência no Brasil, porque nós não temos estudo de caso de estações de trem. Isso demandou estudo in loco para ver, por exemplo, como resolviam a questão da acessibilidade para os trens, em vários aspectos técnicos, tais como os relacionados à infraestrutura de uma estação de trem. Visitei a estação de Liège na Bélgica, também de Santiago Calatrava, de Reggio Emilia, entre outras”, contou. 

O trabalho de Zanatta foi apresentado em dezembro de 2017 e, por unanimidade da banca avaliadora, recebeu nota máxima. “Foi um trabalho excelente, ele fez uma parceria com acadêmicas de onde estava sendo implantada a estação, para que pudesse ter o entendimento cultural deles. Atuei mais no suporte técnico, e as acadêmicas no suporte cultural”, explicou a orientadora. 

Da esquedra para a direita: professor Maurício Lago Magro, professora e orientadora Eliane Panisson, acadêmico Leonardo Zanatta, professora Angélica Bier e professor Atílio Tramontini

 

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