Ensino

UPF promove debate sobre comportamento disruptivo

18/08/2017

14:18

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Gelsoli Casagrande

III Simpósio sobre Transtornos do Comportamento Disruptivo, promovido pela Faculdade de Medicina, discutiu a violência contra crianças e adolescentes

A Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (FM/UPF), o Centro Universitário de Saúde Coletiva (Ceusc) e o Projeto de Extensão de Apoio à Pessoa Portadora de Déficit de Atenção e Hiperatividade promoveram nesta sexta-feira, dia 18 de agosto, o III Simpósio sobre Transtornos do Comportamento Disruptivo. O evento, que acontece no auditório Biomédico, Campus II, apresentou o debate de abertura sobre “Violência contra a criança e o adolescente: prevenção e tratamento”, com o juiz de Direito do Juizado Regional da Infância e Juventude de Passo Fundo, professor Me.  Dalmir Franklin de Oliveira Júnior, a médica legista e professora Joana Rovani, e o professor Dr. Jean Von Hohendorff.

De acordo com o coordenador do projeto de extensão, professor Cláudio Joaquim Paiva Wagner, o Simpósio procura discutir temas ligados a patologias que afetam crianças e adolescentes. “Crianças que apresentam comportamento disruptivo são aquelas que quebram com as regras básicas de convivência, tendo um comportamento agressivo, sendo cruéis com animais, sendo opositoras, desafiadoras, hiperativas, entre outras características. Realizamos o simpósio para discutir o entendimento disso e as formas de intervenção”, explicou.

O evento possui caráter multidisciplinar, com aproximadamente 400 inscritos, reunindo acadêmicos dos cursos de Psicologia, Medicina, Direito e Educação, além de professores da rede pública e particular de ensino. Segundo o professor Wagner, é importante que diferentes profissionais atuem no debate, para que se possa oferecer cuidado e tratamento a crianças e adolescentes. “Os primeiros profissionais que detectam um problema geralmente são os professores, que fazem o alerta encaminhando essa criança aos serviços de saúde. Destacamos que os pais não devem aceitar o alerta como uma ofensa, não como se o professor estivesse perseguindo o filho, mas como uma ajuda porque ele está vendo um comportamento estranho na criança que precisa ser investigado por um profissional”, destacou.

Lei Menino Bernardo

De acordo com o professor Hohendorff, a violência sexual nunca vem sozinha, sendo atrelada à violência física e psicológica. Um dado da OMS indica que cerca de 41 mil crianças morrem por ano vítimas de homicídio em todo mundo. Nós temos uma cultura muito forte no Brasil de que a palmada é usada para educação, então, violência física é usada com o pretexto de educação, e, na verdade, sabemos que não educa. A criança para de emitir o comportamento, não porque entendeu o motivo, mas por medo, e isso não é educação, é violência”, comentou.

O Brasil, desde 2014, aprovou a Lei Menino Bernardo, que proíbe castigos cruéis e degradantes a crianças e adolescentes, contudo, segundo Hohendorff, a lei por si só não basta. É preciso instrumentar pais e cuidadores a saberem o que fazer com as crianças quando apresentam comportamento inadequado. “Foi feito um estudo nos EUA de pessoas que possuíam quatro tipos de traumas na infância, como violência física, psicológica, pais que usam drogas e pobreza. Essas crianças têm de 4 a 12 vezes mais chances de desenvolver doença cardíaca, câncer e diabetes. Isso não gera um sofrimento só para o adulto, mas para a sociedade como um todo”, afirmou.

Sociedade tem responsabilidade

O juiz e professor Oliveira Júnior explicou sobre a sociedade ter responsabilidade com possibilidade de intervenção precoce prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. “Todo o cidadão que tiver conhecimento de maus tratos ou a respeito da violação dos direitos contra crianças e adolescentes deve comunicar imediatamente o Conselho Tutelar. O estatuto estabelece que a intervenção na infância deve ser precoce, a fim de fazer o atendimento e de evitar que isso se agrave”, ressaltou. 

Parentes, vizinhos e a comunidade do entorno da criança e do adolescente possuem responsabilidade, devendo comunicar os órgãos responsáveis sobre a violência. Conforme a médica legista e professora Joana, é possível fazer a identificação para a denúncia. “Precisamos esclarecer o público sobre os sinais que vemos na criança ou adolescente quando suspeitar de abuso ou que essa está sendo agredida e o que fazer quando nós suspeitamos”, observou. 

Programação

A programação do III Simpósio sobre Transtornos do Comportamento Disruptivo segue nesta sexta-feira com debates sobre a “Influência das redes sociais no comportamento de crianças e adolescentes: cyberbullying, baleia azul e 13 reasons why”; “Neuropsicologia na escola: avaliação e intervenção”; “Habilidades sociais na infância e adolescência: a busca de comportamentos mais assertivos e qualidade de vida”; e “TDAH musicado”.

No sábado (19), a partir das 8h30min, o Simpósio apresenta a discussão sobre a “Psicologia escolar: abordagens e intervenções”, com o mestre em Psicologia com ênfase em cognição humana, Bruno Novello, e a psicóloga escolar e orientadora educacional, Amanda Reginato de Mello. Assuntos como “Inclusão escolar: cuidados necessários”; “Políticas públicas de proteção à criança e ao adolescente do município de Passo Fundo”; e “O ensino superior e os cuidados com a infância e a adolescência” também serão explorados. O encerramento está previsto para as 17h.