Extensão

“Programa Planejamento Estratégico – Diagnóstico Rural” é lançado na UPF

22/06/2018

17:53

Por: Jéssica França

Fotos: Jéssica França

Universidade de Passo Fundo e entidades lançaram projeto que tem como foco a melhoria das práticas de gestão e produção nas propriedades rurais

Melhorar a produção e as condições de vida de quem trabalha no campo. Esse é um dos objetivos do “Programa Planejamento Estratégico – Diagnóstico Rural”, lançado na quinta-feira, 22 de junho, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo (UPF). 

O Programa conta com o apoio da UPF, Emater, Embrapa, Sebrae, Prefeitura Municipal de Passo Fundo, Conselho Municipal de Desenvolvimento Agrário, Sicredi, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Sindicato Rural. 

Estiveram presentes no evento diversas lideranças, assim como agricultores e acadêmicos da UPF. A vice-reitora de Extensão de Assuntos Comunitários (VREAC), professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin, destacou que a atividade partiu de um diagnóstico da área rural do município realizado por professores e alunos da Universidade. “É muito importante para nós, enquanto Universidade, pensarmos nesse sentido de sucessão rural, já que os alunos vêm dessas realidades tendo o desejo de voltar para a área rural, enxergando muitas vezes com uma perspectiva dos próprios pais. Então, poder fazer esse estudo mais aprofundado, vendo quais as possibilidades, explorando esse tema junto com os próprios alunos e a comunidade, é fundamental para todas as entidades e pessoas envolvidas”, afirmou. 

Programa é resultado de estudo desenvolvido por professores e alunos da UPF
O Programa é fruto do estudo denominado “Diagnóstico Instrumental para o Direcionamento do Espaço Rural de Passo Fundo 2012-2014”, coordenado pelo professor Dr. Benami Bacaltchuk e desenvolvido pelos alunos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária e Jornalismo da UPF.  “É um projeto que surgiu nas reuniões do Conselho Agropecuário do município e que começou a questionar por que a agricultura e a pecuária daqui não se destacavam, estando até regredindo. Nossos produtores estão envelhecendo, nossos filhos de produtores não pensam em voltar, com Passo Fundo sendo uma passagem para outra atividade profissional”, explicou o professor. 

Diante desse panorama, o estudo teve início com os acadêmicos visitando as propriedades rurais de Passo Fundo e entrevistando os agricultores e pecuaristas. “Não se planeja o futuro de uma comunidade de cima para baixo, então criamos um processo. Das 866 propriedades rurais instaladas em Passo Fundo, fizemos uma mostra com 30% da população, trabalhamos com 266 entrevistados, que foram selecionamos por sorteio, e, em 2012, fomos a campo, passamos um mês de casa em casa”, contou. 

Conforme o professor, após dois anos de compilação e análise dos dados, foi publicado um livro do estudo e entregue às entidades pertinentes, como Prefeitura Municipal, Governo Estadual e Federal. Contudo, não houve uma grande modificação do panorama, por isso, os resultados foram apresentados à comunidade novamente. “Concluímos com eles alguns pontos, e juntos compreendemos que existem problemas estruturais nas estradas, telefonia e energia elétrica, e começamos a trabalhar em uma comissão tentando nos direcionar para resolver o problema da estrutura do município. O segundo aspecto que se percebeu é que é preciso conhecimento para ser produtor de leite, de carne, grãos, mas 80% dos produtores estão em 20% da área. Portanto, é muito pequeno o tamanho de cada propriedade para se pensar em grãos. Então estamos falando de como ser economicamente competitivo plantando em áreas menores de 20 hectares. Esse conceito levou a algumas questões, relacionadas a como vamos preparar esses indivíduos para além de produzir um melhor grão, produzir também frutas, leite, carne, ovos, hortaliças”, explicou Bacaltchuk.
 
Conforme o professor, a implantação do Planejamento Estratégico visa preparar os agricultores para as potencialidades que as propriedades têm, no manejo dos animais e na produção de alimentos. “Entendemos que a gestão das propriedades, assim como as novas tecnologias, alternativas do mercado e diversificação de cultura são os principais desafios dos produtores rurais. Mais do que nunca, para continuar na atividade, precisamos nos profissionalizar e fazer com que a gestão seja feita de qualidade, com profissionalismo, buscando as tecnologias adequadas para uma melhor produtividade para também alcançar renda e qualidade de vida”, comentou o presidente do Sicredi Integração do Estados RS/SC, Ari Rosso.

Sucesso nas empresas rurais 
O evento contou com a palestra “Boas práticas de gestão e sucessão familiar: sucesso nas empresas rurais”, ministrada pelo engenheiro agrônomo e consultor para o Sebrae, Álvaro de Quadros Neto. 

O palestrante explicou que o maior desafio para a sucessão e sucesso das empresas rurais é a comunicação entre pais e filhos. “O conflito clássico de gerações é natural, mas o que se busca em qualquer relacionamento é paciência, tolerância e que se converse, mesmo com algumas farpas, quais as questões consideradas pelo pai e quais as questões consideradas pelo filho. Mas se não houver diálogo, não vai haver sucessão de uma maneira harmoniosa. O agricultor entende a linguagem das plantas, dos animais, do clima, da terra, então porque não exercitar essa comunicação que já tem com os seus próprios filhos”, observou.