Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Divulgação/UPF
III Seminário Sul-Brasileiro sobre a Sustentabilidade da Araucária promoveu um importante debate acerca da conservação dessa árvore
O consumo do pinhão pela população vem crescendo nos últimos anos, muito em função de seu sabor vir conquistando novos adeptos. Sua gastronomia, cada vez mais elaborada, vem caindo no gosto da população, principalmente nas regiões sul e sudeste do Brasil. Considerando que o pinhão é um alimento muito importante para dezenas de espécies da fauna silvestre, a exemplo do papagaio-charão, papagaio-de-peito-roxo, coati e bugio, há o risco do consumo humano diminuir a oferta deste recurso alimentar para os animais. A necessidade urgente de abordar o tema e de ampliar o plantio de araucária foi uma das conclusões do III Seminário Sul-Brasileiro sobre a Sustentabilidade da Araucária, evento realizado na Universidade de Passo Fundo (UPF) de 23 a 25 de maio, o qual promoveu um importante debate acerca da conservação dessa árvore.
Conforme o coordenador do evento, professor Jaime Martinez, o pouco que restou da Floresta com Araucárias, algo em torno de 3% da cobertura original, é insuficiente para dar suporte para a fauna silvestre e uma população humana cada vez mais interessada no pinhão como alimento. “O correto é deixar a produção das sementes que as araucárias produzem nas florestas naturais para os animais e para a sua regeneração, e realizarmos o plantio para a posterior colheita destinada ao consumo dos seres humanos”, afirma ele, destacando que colher pinhões das plantações de araucária é o caminho para sua utilização pelo homem.
Viabilizar o plantio nas propriedades rurais
Uma das pautas debatidas no evento é a viabilidade do plantio nas propriedades rurais. De acordo com Martinez, é necessário que os agricultores tenham a segurança jurídica de que poderão utilizar as araucárias que plantaram, seja na colheita do pinhão, seja no aproveitamento futuro de sua madeira. Em tendo esta certeza, os proprietários de terras serão naturalmente estimulados a realizar o plantio, hoje bastante insignificante. “Para isso, os poderes públicos dos estados do sul do Brasil já tomaram suas providências para dar essa segurança a quem planta, como no caso do Rio Grande do Sul que criou o processo de certificação dos plantios, garantindo a utilização futura das araucárias plantadas”, informa ele.
A Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Sul lançou, durante o III Seminário da Araucária, um material informativo que orienta sobre a certificação dos plantios. Os participantes do Seminário aplaudiram a iniciativa do governo do estado e evidenciaram que acreditam que muitos agricultores plantarão o pinheiro-brasileiro nos próximos anos.
Florestas naturais remanescentes devem seguir protegidas
A grande maioria dos participantes do III Seminário concordou que o pouco que restou de Florestas com Araucárias deve continuar seguindo com o mesmo caráter de proteção atual, como determina a Lei da Mata Atlântica, sem manejo de exploração da madeira. “Seja para madeira, seja para pinhão, o recomendado é que se estabeleçam os plantios buscando ampliar a produção desses recursos naturais”, declara Marinez, destacando que o único manejo que os participantes julgaram interessante é o manejo experimental, com finalidades de pesquisa, gerando conhecimentos para um melhor aproveitamento futuro da floresta. “Estes estudos devem ser realizados em áreas das Florestas Nacionais (Flonas), que apresentam esse caráter de servirem como laboratórios. As Flonas de Passo Fundo e de São Francisco de Paula se colocaram à disposição para esses estudos”, conta o professor.
Resgate do valor da araucária
Durante os debates, Martinez observa que houve unanimidade entre os participantes da necessidade de seguir resgatando a importância da araucária e do ecossistema típicos do sul do Brasil, utilizando-o como recurso cênico, embelezando a paisagem, e utilizando seus produtos como o pinhão, o que irá gerar um interesse coletivo em sua conservação, culminando com os necessários plantios.
O Seminário da Araucária atraiu professores e estudantes de graduação e pós-graduação de várias universidades do Brasil como a UPF, UFPR, UDESC, UFSC, UNOESC, UFRGS, UNISINOS, UNIVATES, UFTPR, UFPEL, entre outras, e de universidades da Argentina, a exemplo da Universidad Nacional de La Plata (UNLP) e a Universidad Nacional de Misiones (UNAM).
O evento contou com a apresentação de 64 trabalhos científicos, abordando várias áreas dentro do tema da Araucária e das Florestas com Araucárias, sempre com o foco principal na conservação de ambos. As palestras, mesas redondas e os trabalhos científicos estão disponíveis para toda a comunidade no livro dos Anais, que pode ser acessado no site do evento.
Para Martinez, a participação dos poderes públicos dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram fundamentais para a orientação do público sobre os procedimentos que darão segurança jurídica aos agricultores em seus plantios de Araucária. “Os setores de meio ambiente de vários municípios estiveram presentes a exemplo de Erechim, Carazinho, Tapejara, Sertão, assim como o setor de meio ambiente da Cotrijal que atua em 34 municípios do norte do estado. Todos esses agentes auxiliarão na difusão dos conhecimentos tratados durante o evento, assim como no estímulo ao plantio e conservação da Araucária”, frisa
Após essa edição em Passo Fundo, o IV Seminário Sul Brasileiro sobre a Sustentabilidade da Araucária deverá retornar para o Paraná, na UFPR. Ainda, há a proposta da Argentina em sediar o V Seminário.
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