Semape: a oportunidade de formação e diálogo interdisciplinar

Com o propósito de contribuir com o aprimoramento e a qualificação de professores das escolas públicas, valorizando e acolhendo esses profissionais com uma proposta de educação continuada, a Universidade de Passo Fundo (UPF) deu início na manhã dessa quinta-feira, dia 17 de maio, ao 10º Seminário de Atualização Pedagógica para Professores da Educação Básica (Semape). Idealizado pela Vice-Reitoria de Graduação (VRGRAD) da UPF, juntamente com a área de Prática de Ensino e Estágios da Faculdade de Educação (Faed), com o apoio das unidades de ensino e seus cursos de licenciatura, o evento oportuniza um momento ímpar de formação.

As atividades iniciaram na quarta-feira, 16 de maio, com o Encontro de Professores e Estagiários das Licenciaturas, evento concomitante, e com a apresentação de 52 comunicações que foram inscritas no Semape. Na abertura oficial, na quinta-feira, a vice-reitora de Graduação, professora Rosani Sgari, destacou que o Semape representa o fortalecimento dos vínculos e a reafirmação do compromisso que a UPF tem com a educação básica: mantendo os 13 cursos de licenciatura e a qualificação permanente dos professores já formados que retornam na busca por novos movimentos que existem e que são contemporâneos, próprios do século XXI. “Ficamos felizes porque a UPF vem qualificando seus professores e discutindo as mudanças atuais, que dizem respeito às novas tecnologias; as leituras, reflexões e posições mais críticas; ao uso de novas metodologias de aprendizagem; aos nossos comportamentos; e ao grau de profissionalismo e qualidade que temos que ter e desenvolver”, afirmou ela.

O evento reuniu professores da educação básica, que puderam participar de um painel com o tema “Formação e diálogo interdisciplinar em contextos plurais”, com debate entre os professores da UPF Carina Tonieto, Edison Casagranda e Miguel Rossetto. Também estiveram presentes na cerimônia de abertura a presidente da Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF) Maristela Capacchi; o vice-reitor Administrativo, Agenor Dias de Meira Júnior; além de representante da Coordenadoria Regional de Educação.

Interdisciplinaridade e contextos plurais

Colocar em discussão a importância do diálogo e da interdisciplinaridade no contexto de sociedades complexas e plurais foi o que propôs o painel de abertura do Semape. Conforme a professora Carina Tonieto, vivemos um tempo de complexidade das inovações e de complexidade do conhecimento nunca dantes experienciados. “Temos desafios que nos são colocados. Por um lado, o grande acesso à tecnologia, grandes possibilidades de acesso ao conhecimento e circulação de informações muito rápidas. Teríamos duas opções: ou negamos tudo isso e tentamos manter a educação no formato tradicional ou trabalhamos com a perspectiva de abertura de diálogo com essa nova cultura e com essas novas possibilidades, mostrando que a partir desse novo cenário podemos ter soluções criativas e atitudes críticas que nos permitam evoluir enquanto ser humano e enquanto humanidade”, disse ela.

O conceito de sociedades plurais e sociedades complexas, segundo o professor Edison Casagranda, implica de certa forma ser capaz de dialogar com diferentes pessoas. “Na sociedade tradicional temos a caracterização de um modo de viver que é o único e nas sociedades complexas esse modo é plural, o que implica ser capaz de conviver com o diferente. Quando se fala em interdisciplinaridade é o modo de pensar que perpassa diferentes espaços - ou diferentes disciplinas, do ponto de vista curricular”, afirma, destacando que o grande desafio é aprender a conviver com o diferente. “Essa é a grande tendência que temos como seres humanos de evitar o diferente. Outra questão é pedagógica: tenho de ser capaz de, nos espaços plurais onde convivo com o diferente, assimilar diferentes concepções de mundo. Preciso de uma habilidade interna que me permita dialogar com o diferente em termos de sociedades complexas”, apontou, citando duas características que são importantes: a capacidade de diálogo e a capacidade de conviver de forma interdisciplinar.

Para o professor Miguel Rossetto, é sempre um desafio falar em diálogo. “Especialmente diante de sociedades altamente complexas como vivemos, onde a pluralidade, o encontro entre as pessoas e as comunidades e grupos sociais é cada vez mais consistente, sempre se mantém esse desafio. O diálogo implica primeiramente na aceitação do outro, esse é o primeiro passo para que se possa estabelecer um diálogo, seja em sala de aula ou nas práticas pedagógicas na escola. Eessa aceitabilidade do outro é um pressuposto para que exista o diálogo e, hoje, percebemos uma exclusão do outro em vez de uma aceitação”, disse ele, pontuando que é um desafio a ser superado. “Aceitar o outro é aceitar algo que é diferente de mim mesmo, diferente da minha identidade”, ressaltou. Rossetto ainda destacou que as comunidades constituíam um modo tradicional de viver e nas sociedades complexas e contemporâneas não há mais formas universais e definição de vida. “Há uma multiculturalidade e com esses modos complexos e plurais, com essa interação entre culturas, perdemos os referenciais universais dos modos de vida. Precisamos construir esses referenciais pela prática dialógica e pela abertura com o outro. Esse é o grande paradoxo da sociedade contemporânea: eu escolho me debater com outro e com as nossas diferenças ou me encontrar, dialogar e aprender e me formar com ele”, finalizou.

Minicursos

Uma série de minicursos foram preparados para promover um espaço ainda mais intenso de formação aos professores participantes do Semape. Ao todo, 43 minicursos foram disponibilizados, abordamos temas diferenciados que permearam todas as áreas do conhecimento. As atividades foram realizadas nas unidades acadêmicas na tarde dessa quinta-feira, dia 17 de maio. A programação completa de minicursos pode ser conhecida aqui.

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