Jornada

Uma Jornada de homenagens

22/03/2017

15:35

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Espaços, música e o palco de debates se abrem à tradição e ao legado da arte literária

Em 2017, a Jornada Nacional de Literatura, que sempre teve como característica principal dialogar com a atualidade, se abre também para homenagear a tradição. Por isso, a 16ª edição da movimentação literária, que acontece entre os dias 2 e 6 de outubro, volta seus olhares a quatro grandes escritores brasileiros: Moacyr Scliar, Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, contemplando sua trajetória e as obras que marcaram suas carreiras. 

O primeiro fator que motivou a escolha dos escritores como homenageados foi o fato de o ano da Jornada estar relacionado ao nascimento ou ao falecimento desses autores. Moacyr Scliar e Ariano Suassuna nasceram em 1937 e em 1927, respectivamente. Já Drummond faleceu em 1987, enquanto Clarice faleceu em 1977. “Essas datas são importantes para nós, mas mais importante do que isso é alicerçar a literatura contemporânea à tradição”, destacou o coordenador da Jornada Miguel Rettenmaier. 

De acordo com o coordenador, a Jornada sempre buscou dialogar com a atualidade, mas não pode esquecer o que veio antes. “São autores que já fazem parte do cânone, nomes fundamentais à literatura brasileira. Em especial dois desses autores são de grande valor para a Jornada. Scliar participou de vários momentos da Jornada e Suassuna recebeu aqui o título de Doutor Honoris Causa, ou seja, nós temos ligação com esses autores que estão  vinculados não só à tradição literária, mas também ao passado da Jornada”,  lembrou. 

Entre as homenagens programadas, está o “batismo” dos quatro ambientes em que acontecem as atividades das Jornadas Literárias. O espaço reservado às atividades da 8ª Jornadinha Nacional de Literatura levará o nome de “Espaço Lendas Brasileiras, Clarice Lispector”, composto por quatro lonas com nomes alusivos às personagens de lendas brasileiras transcritas por Clarice Lispector na obra Como nasceram as estrelas (1987): Tenda Yara, Tenda Malazarte, Tenda Negrinho do Pastoreio e Tenda Curupira. 

O Espaço Drummond será composto por livrarias e setores da imprensa, ambiente de sessões de autógrafos e estandes de patrocinadores, em um complexo que homenageia o poeta. A frente do complexo, com acesso aos demais ambientes, será chamada de Passo Itabira (alusão a Passo Fundo e à cidade de nascimento de Drummond).

O Espaço Suassuna, na grande lona, com capacidade para 2 mil pessoas, é uma homenagem a Ariano Suassuna. A entrada do circo terá nomenclatura associada à obra do autor, o que também ocorre com o palco, chamado Palco da Compadecida. 

Já o Espaço Moacyr Scliar, no Centro de Eventos da UPF, abrigará as exposições da Jornada e da Jornadinha. A entrada do Centro de Eventos terá nomenclatura associada à obra do autor, bem como o hall de entrada, chamado Hall dos Centauros. 

As Jornadas Literárias são realizadas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. A 16ª edição conta com os patrocínios do Banrisul, Corsan, Companhia Zaffari e Bourbon e com o apoio do Ministério da Cultura, além da parceria cultural do Sesc, dentre outras empresas e órgãos. Informações sobre a programação completa podem ser obtidas no portal www.upf.br/16jornada, pelo e-mail jornada@upf.br ou pelo telefone (54) 3316-8368.

Dos moinhos à Matrix
As homenagens à literatura estão também na música tema da 16ª Jornada. Intitulada “E agora você? (Dos moinhos à Matrix)”, a letra é, segundo o coordenador, uma grande homenagem à literatura. “Ela é toda construída com alusões às obras, com evocações à tradição literária. O título é uma homenagem a Drummond e faz também uma associação entre os moinhos quixotianos e à matrix computadorizada”, explicou o professor, destacando ainda que todo o texto é produzido como uma homenagem apaixonada à literatura que poderia ter sido feita por qualquer pessoa. “Qualquer leitor apaixonado pode se aventurar pela poesia e se encantar com a palavra. Aliás, o poeta Chacal nos ‘manda esta letra’: de que a língua é brother e de que a palavra é sister. Não estão aí para humilhar ou reprimir”.  

Com uma batida mais rock and roll, a música escrita pelo coordenador em parceria com os integrantes da banda Roudini e Os Impostores, Gustavo Leal e Bruno Philippsen, reúne referências, metáforas e recursos diferenciados para questionar o leitor: “E agora, quem você vai ser?”. “Nos reunimos e decidimos algumas coisas que colocam a música como elemento diferenciado. Nós não havíamos ainda contemplado uma voz feminina na trilha da Jornada. Decidimos, então, que uma parte da música deveria ter uma entonação de fala e aí entrou a voz feminina da jornalista Afani Carla Baruffi, fazendo muitas referências à literatura brasileira”, revelou.

 A música também faz algumas referências à literatura latino-americana e até usa algumas metáforas para falar de Passo Fundo. “Por exemplo, Comala é Passo Fundo e quando a gente canta ‘Comala em chamas’ é porque quer aquecer a cidade pela leitura. O texto está todo construído para essa batida, com ritmo de rock and roll, que é resultado do talento dos meninos”, explicou o coordenador.
 
"Recebi a letra do professor Miguel Rettenmaier e logo comecei a trabalhar numa harmonia com total liberdade, tendo certo cuidado para que a melodia não caísse em 'lugar comum', ou seja, para que não houvesse uma relação direta com trilhas, temas e também para que não soasse como hino, mas sim como um pop/rock vibrante e intenso”, contou o vocalista e guitarrista da banda, Gustavo Leal.  O resultado foi uma canção nos moldes que o público da Roudini e Os Impostores já conhece, com uma letra interessante que viaja pela história da literatura e cita direta ou indiretamente autores grandiosos. “Estamos muito satisfeitos com o resultado e acredito que não só aqueles que vivem a Jornada de Literatura irão gostar. É uma canção para todos”, destacou. 

O tecladista Bruno Phlippsen contou que o clima de criação e produção foi muito agradável e fluído. Ao todo, foram cerca de duas semanas entre a gravação e a finalização da música, mas a maior parte aconteceu durante um dia, no Estúdio Dom Rodolfo, que fica na casa do tecladista. "Participo das Jornadas há muito tempo, desde que era estudante de Letras na UPF. Além disso, trabalhei na organização de algumas edições, e, agora, arranjar e gravar a música tema foi algo sensacional”, finalizou.